Gabriel Monteiro: Brasil será o maior beneficiado com acordo Mercosul-UE
Pesquisa do IPEA projeta aumento de 0,46% no PIB brasileiro até 2040, superando impacto na União Europeia e demais países do Mercosul
O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, cuja negociação se estende há 25 anos, está prestes a ser concluído, com o Brasil emergindo como o principal beneficiário. Segundo um estudo recente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode chegar a 0,46% até 2040, superando os efeitos previstos para a União Europeia (0,06%) e os demais países do Mercosul (0,2%).
O acordo, que não será um livre comércio total como inicialmente previsto, prevê a isenção de tarifas para cerca de 91% dos produtos exportados pelo Mercosul. No entanto, alguns setores, especialmente o agronegócio, ainda enfrentarão cotas de exportação, embora com aumentos significativos, principalmente para carnes suínas e de aves.
Impactos econômicos e mudanças estruturais
Além do crescimento do PIB, o estudo do IPEA projeta um aumento de 1,49% nos investimentos para o Brasil até 2040, consideravelmente maior que os 0,12% previstos para a União Europeia. As exportações brasileiras também devem se beneficiar, embora inicialmente a balança comercial possa ficar negativa devido à importação de produtos de maior valor agregado.
O acordo traz mudanças significativas em relação ao projeto original de 1999. A pauta ambiental ganhou destaque, refletindo as preocupações atuais com sustentabilidade. Além disso, foram incluídas regras sobre denominação de origem controlada, que afetarão a produção e exportação de certos produtos.
Perspectivas de longo prazo
É importante notar que os benefícios do acordo serão graduais, com um horizonte de implementação de 15 anos. A curva de crescimento econômico para o Brasil mostra uma trajetória ascendente, com os efeitos mais significativos esperados para o final desse período, em 2040.
Apesar das limitações em alguns setores, como as cotas para produtos do agronegócio, o acordo é visto como estruturante e crucial para a economia brasileira, abrindo novos mercados e ampliando as oportunidades de comércio com um dos blocos econômicos mais importantes do mundo.