Análise: Medidas do governo para baratear alimentos terão impacto limitado
Gabriel Monteiro avalia que ações anunciadas pelo governo federal para conter alta dos preços dos alimentos não serão suficientes para resolver o problema
O governo federal anunciou, na quinta-feira (6), um conjunto de medidas visando conter a alta dos preços dos alimentos. No entanto, segundo o analista de economia da CNN Gabriel Monteiro, essas ações terão um impacto limitado no bolso do consumidor.
Monteiro explica que, embora as medidas sejam bem-vindas, não são uma “bala de prata” para resolver o problema da inflação nos alimentos.
“A maioria das medidas anunciadas tem efeito muito limitado”, afirma o especialista.
Entre as ações propostas está a redução da tarifa de importação para alguns produtos essenciais, como carne, café, milho e óleo de palma. Contudo, o analista ressalta que muitos desses itens já são produzidos com alta competitividade no Brasil.
Impacto nas carnes
No caso específico das carnes, que tiveram um aumento de mais de 20% no ano passado, Monteiro questiona a eficácia da medida: “De quem que a gente compra e quem que teria volume suficiente para ser atrativo comprar sem essa taxa de importação?”
O especialista explica que os principais fornecedores de carne para o Brasil, como Uruguai, Paraguai e Argentina, já fazem parte do Mercosul e, portanto, já contam com tarifa zero.
A redução da alíquota poderia beneficiar importações da União Europeia, China ou Estados Unidos, mas essas geralmente são de cortes mais nobres e caros.
Outros produtos
Quanto ao café, Monteiro aponta que há um choque de oferta global, com o produto encarecendo em todo o mundo devido ao aumento do consumo e à diminuição da oferta por questões climáticas.
O analista vê um potencial positivo na medida relacionada ao óleo de palma, utilizado na indústria alimentícia e farmacêutica.
A cota de importação desse produto foi dobrada, o que pode ter um efeito mais significativo nos preços.
Monteiro conclui que, mesmo com o câmbio atual, as medidas anunciadas terão pouco impacto imediato nos preços dos alimentos para o consumidor final.
Ele ressalta que algumas ações, como a formação de estoques reguladores, podem até ter um efeito contrário ao desejado, aumentando a competição pela compra de produtos já escassos e caros.
