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    Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil

    Declarações do presidente Lula corroboraram a redução de prêmios

    Reuters

    Após o avanço firme na última semana, as taxas dos DIs fecharam esta segunda-feira (22) em baixa no Brasil, com profissionais do mercado citando como motivos para o movimento uma melhora do ambiente global para ativos emergentes e uma reação, ainda que tardia, ao congelamento de gastos anunciado pelo governo na última quinta-feira (18).

    Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendendo cortes no Orçamento “sempre que precisar” corroboraram a redução de prêmios.

    No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,655%, ante 10,679% do ajuste anterior.

    Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,39%, ante 11,439% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,63%, ante 11,696%.

    Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,01%, ante 12,112%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,02%, ante 12,126%.

    Na última sexta-feira as taxas dos DIs haviam avançado a despeito de, na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter anunciado o congelamento de 15 bilhões de reais do Orçamento de 2024.

    Nesta segunda-feira, porém, as taxas futuras se descolaram da alta dos rendimentos dos Treasuries e foram para o território negativo ainda pela manhã, o que para alguns profissionais representou uma reação “atrasada” ao anúncio de quinta-feira.

    “Acho que o mercado doméstico descolou (do exterior). (Ele) não aliviou tanto na sexta, com a antecipação dos cortes, e hoje está melhorando”, comentou o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.

    O anúncio de congelamento na quinta-feira foi uma antecipação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, divulgado na tarde desta segunda-feira.

    Os ministérios do Planejamento e da Fazenda confirmaram nesta segunda-feira a necessidade de uma contenção de 15 bilhões de reais em verbas de ministérios para levar a projeção de déficit primário do governo central em 2024 a R$ 28,8 bilhões, exatamente o limite inferior da margem de tolerância da meta de déficit zero.

    Pouco depois do meio-dia, antes mesmo do relatório, Lula reforçou o discurso do governo de defesa do equilíbrio fiscal.

    Em entrevista a jornalistas de agências internacionais, ele afirmou que o governo fará o congelamento de despesas orçamentárias sempre que necessário e disse que traz a questão da responsabilidade fiscal nas “entranhas”. “Sempre que precisar bloquear nós vamos bloquear”, afirmou.

    O dia também foi de baixa firme do dólar ante o real, em um ambiente global mais favorável para as divisas de países emergentes, o que contribuiu para a retirada de prêmios na curva a termo brasileira.

    Perto do fechamento, a curva precificava 89% de chances de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 11% de possibilidade de alta de 25 pontos-base.

    Na sexta-feira os percentuais eram de 85% e 15%, respectivamente.

    Pela manhã, o relatório Focus do Banco Central mostrou que a mediana das projeções do mercado para a inflação em 2024 foi de 4,00% para 4,05% — ainda mais distante do centro da meta, de 3%. No caso de 2025, permaneceu em 3,90%.

    A desistência do presidente Joe Biden da corrida eleitoral dos EUA também esteve no radar, mas os efeitos sobre a curva brasileira não foram claros.

    “Parecia iminente esta desistência de Joe Biden. Era uma questão de tempo”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “Então, não é exatamente uma surpresa para o mercado”, acrescentou.

    Sem Biden na disputa, os efeitos para o Brasil do desfecho da eleição norte-americana também são difíceis de estimar.

    “Em termos fiscais, os dois partidos americanos têm adotado posturas bem similares nos últimos anos, dando menor importância para a responsabilidade fiscal. A diferença tem sido no instrumento utilizado: os Republicanos sob Trump preferem diminuição de impostos enquanto os Democratas sob Biden preferiam aumento de gastos”, disse Rafael Yamano, economista da SulAmérica Investimentos, em análise enviada a clientes.

    “A irresponsabilidade fiscal americana resulta em aumento de juros futuros e da inclinação da curva (aumento maior nos prazos mais longos), o que costuma ser ruim para mercados emergentes, como o Brasil”, acrescentou.

    Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 2 pontos-base, a 4,256%.

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