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    Safra de verão deve fazer balança comercial bater recorde em 2022

    Apesar de queda de braço com a China na exportação de carne bovina, especialista prevê que Brasil retome preferência como fornecedor

    Beatriz Puenteda CNN* , no Rio de Janeiro

    Com as exportações brasileiras com alta de 27,6% em outubro, quando comparadas a setembro, e somando US$ 22,52 bilhões, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, a previsão da FGV Agro é que a balança comercial bata recorde com a safra de verão em 2022.

    Diante da tendência de regularização do regime de chuvas e com a expectativa de que o real se mantenha desvalorizado em relação ao dólar, as commodities agrícolas devem impulsionar a exportação.

    Produtos agrícolas importantes que foram prejudicados com as condições climáticas no segundo semestre do ano, como o milho e o açúcar, podem se recuperar na próxima safra, de acordo com o pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV, Felippe Serigati. Só no mês de outubro, o milho apresentou baixa de 53% nas vendas para o exterior.

    Para o próximo ano, também se estima que as commodities continuem segurando os resultados positivos. Apenas o minério de ferro pode sofrer oscilações por causa da desaceleração no mercado imobiliário chinês, impactado pela crise da construtora Evergrande.

    A carne vermelha, que também veio em queda no último levantamento, pode ter resultados positivos em 2022. Com redução de 38,5% nas exportações em outubro, as vendas foram impactadas principalmente pelo embargo chinês à carne brasileira, por conta da detecção de dois casos no país da doença conhecida como “mal da vaca louca”, que afeta o rebanho bovino.

    “A gente tem os Estados Unidos e o Uruguai como concorrentes. Nos Estados Unidos é mais caro. O Uruguai não consegue dar conta da demanda, então é mais provável que, mais cedo ou mais tarde, a China volte a negociar com o Brasil, pedindo um preço mais justo, talvez”, explicou Serigati.

    O pesquisador também destacou que o superávit na balança comercial se deve principalmente à desvalorização do real em relação ao dólar, o que favorece o preço das commodities, e não, necessariamente, a um aumento real no volume de exportações. No balanço de outubro, a soja (90%), lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço (80,7%) e óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (114,3%) puxaram a expansão das exportações.

    As exportações para a China, Hong Kong e Macau cresceram 14,3% e somaram US$ 5,99 bilhões. Para a Argentina, terceira maior parceira comercial do país, subiram 37,6% e contabilizaram US$ 1,13 bilhão. Para os Estados Unidos, somaram US$ 2,99 bilhões com mais de 52% de alta. Já para a União Europeia, as exportações aumentaram 28,9% e chegaram US$ 2,93 bilhões.

    Novo cenário no segundo semestre de 2022

    As exportações podem passar por uma mudança de cenário no inverno. Produtos importantes como milho, trigo e café podem ser prejudicados na segunda safra, que pode gerar mais despesas e menos exportações.

    “Além das questões climáticas, você tem dificuldade de acesso aos insumos de produção, como fertilizantes e químicos. São mais caros e nem sempre o produtor vai conseguir ter uma safra boa sem repassar esse custo. É um risco”, pontuou o pesquisador.

    *Sob supervisão de Stéfano Salles

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