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    Real está entre moedas que mais perderam valor em 2024 em meio à deterioração fiscal

    Iene e peso argentino também estão na lista; incerteza com relação aos juros americanos pesa no câmbio

    Pedro Zanattada CNN São Paulo

    O agravamento das incertezas em relação à condução da política fiscal no país tem pressionado a moeda brasileira, que perde espaço para o dólar. O real estava até esta terça-feira (11) em sétimo lugar entre as moedas que mais desvalorizaram em relação à moeda americana, com queda de 9,5%.

    Acima dele no ranking, vem países como o Japão, cuja moeda, que recuou 10,1% no mesmo período, vem atingindo mínimas em décadas, em meio a recente mudança de política monetária do país, que vem de anos com taxas negativas. Em quinto lugar, vem o peso argentino, com desvalorização de 10,5%.

    O primeiro lugar do ranking elaborado pela Austin Rating ficou com a Nigéria, onde a naira caiu 42,8%.

    Com menor desvalorização e, portanto, na frente do Brasil, estão: lira turca (-8,7%), peso mexicano (8,1%) e franco suíço (-6,8%).

    De uma forma geral, todas as moedas vêm sofrendo os impactos da política monetária contracionista adotada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), somada às incertezas globais, que deram o combustível necessário para que o dólar registrasse fortes ganhos ao longo do primeiro semestre. Mas o Brasil tem razões a mais para se preocupar.

    “Quando a gente olha os fatores que têm levado a desvalorização de diversas moedas no mundo, principalmente os países emergentes, a gente tem como principal fator a  decisão dos juros nos Estados Unidos. No entanto, vemos que o Brasil está lá em cima do ranking, ao lado da Argentina, que está numa baita crise, e com outros países da África que, em geral, vivem conflitos. E aí, então, a gente vai tentar entender quais são os motivos, já que a gente não está vivendo um confronto civil nem uma crise como a argentina. O que sobra? O descontrole fiscal”, diz Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating.

    Neste cenário, as moedas emergentes – como é o caso do real – perdem espaço. O real, no entanto, é um destaque negativo por uma série de razões, que envolvem tanto a mudança da meta de inflação a partir de 2025, até planos recentes para aumentar a receita dos cofres da União.

    “A mudança da meta lá em abril, declarada no PLDO a 2025, mudou a confiança dos investidores em relação ao controle e ao equilíbrio das contas públicas. Além disso, a postura do ministro da Fazenda, que disse recentemente que não tinha um plano B de tapar o buraco da desoneração fiscal, deixam o governo numa posição bem difícil”, disse o economista.

    Mau-humor com cenário externo pode piorar nesta quarta

    Sobre o cenário externo, o estresse cambial ocorre conforme aumenta o pessimismo do mercado financeiro com relação à política de juros dos Estados Unidos. E o mau-humor pode aumentar nesta quarta-feira (12), caso o Fed decida adotar um discurso mais duro em seu comunicado sobre a decisão da taxa de juros.

    A reunião do Federal Open Market Comittee (Fomc, comitê de política monetária dos EUA) deve confirmar a expectativa do mercado de que os juros americanos permanecerão inalterados entre 5,25% e 5,50% ao ano. Apesar de uma decisão já aguardada, o comunicado pesará sobre as expectativas e pode valorizar ainda mais a divisa norte-americana no mercado de câmbio.

    O desafio do banco central dos EUA é o de atingir a meta de inflação estipulada de 2% ao ano. Atualmente, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) está no patamar de 3,3%, portanto, acima da meta.

    A plataforma que mede as expectativas dos agentes financeiros sobre a política monetária dos EUA, CME Group, aponta para 61,3% as chances de que o primeiro corte das taxas ocorra em setembro.

    Para além dos juros americanos, as incertezas globais também pesam na balança. Conflitos no Oriente Médio e no Leste Europeu seguem como incógnitas nas mesas de operações.

    Na B3, a cautela global tem se refletido nos pregões da semana. Ontem, o dólar encerrou o dia negociado a R$ 5,359 na venda, mantendo a cotação nas máximas desde janeiro de 2023.

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