Bolsa tem melhor mês em 2024 após quebras de recorde; dólar fica estável em R$ 5,66
Agosto foi marcado por alívio global e sinalizações de que juros vão cair nos EUA
Os principais índices do mercado doméstico fecharam no campo negativo nesta sexta-feira (30), com mercados analisando dados da inflação dos Estados Unidos, enquanto no cenário local as atenções se voltaram para falas de autoridades sobre o cenário econômico.
Apesar da queda do dia, o Ibovespa fecha agosto — período marcado por sucessivas quebras de recordes com alívio global e sinalizações de que os juros passarão a cair nos EUA — com o melhor desempenho mensal de 2024.
Já o dólar encerrou o mês praticamente estável após apagar parte das perdas ante o real com sequência de altas nas últimas sessões.
A atenção do dia ficou no PCE – o favorito do Federal Reserve (Fed) – que teve uma alta moderada e em linha com o esperado em julho, reforçando a tese de uma desaceleração gradual da economia norte-americana, o que consolidava apostas de um corte menor nos juros em setembro e fortalecia os ativos do país.
No cenário nacional, agentes financeiros voltavam suas atenções para uma série de eventos com autoridades, incluindo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em busca de avaliações sobre a política monetária e o estado da economia brasileira.
O Ibovespa encerrou a sessão praticamente estável, com leve perda de 0,03%, aos 136.004 pontos, diminuindo o recuo nos momentos finais do pregão.
Na semana, o principal índice do mercado doméstico fechou com alta de 0,29%.
Já no saldo de agosto, o Ibovespa teve salto de 6,54%, o melhor desempenho mensal desde novembro do ano passado, quando avançou 12,5%.
No ano, o indicador soma alta de 1,35%.
O clima global também deu fôlego ao dólar, que fechou o dia com avanço de 0,24%, negociado a R$ 5,636, em linha com a valorização da divisa norte-americana ante uma cesta de moedas fortes.
O desempenho deu fôlego para a divisa encerrar a semana com salto de 2,86%, enquanto o saldo do mês teve leva queda de 0,5%.
No ano, porém, o dólar soma alta de 16,1%.
Nesta manhã, o BC interveio no câmbio e vendeu à vista US$ 1,5 bilhão, valorizando momentaneamente a divisa brasileira. Foi a primeira ação do tipo desde 2022.
Inflação nos EUA
O Departamento de Comércio dos EUA anunciou que seu índice PCE teve alta de 0,2% em julho na base mensal, em linha com o esperado por analistas, ante avanço de 0,1% no mês anterior.
Em 12 meses, o índice chegou a 2,5%, de 2,5% em junho, mas ainda próximo da meta de 2% do Fed.
O resultado consolidou as apostas dos agentes financeiros de que o banco central dos EUA deve realizar um ciclo de afrouxamento monetário gradual a partir de setembro, à medida que a inflação, apesar de moderada, ainda segue um pouco acima da meta e a economia tem mostrado resiliência, como visto nos números do PIB na véspera.
Essa é uma mudança em relação à perspectiva no início do mês de que a maior economia do mundo poderia estar rumando para uma recessão, o que fez operadores precificarem cortes de juros mais agressivos na época.
Os mercados indicavam 70% de chances de um corte de 25 pontos-base no Fed, ligeiramente acima dos 68% projetados na quinta-feira. A probabilidade de uma redução de 50 pontos-base recuou para 30%
Cenário doméstico
Na pauta local, mercado analisa falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em eventos nesta sexta-feira.
Pela manhã, Campos Neto pontuou que um eventual ciclo de ajuste nos juros básicos, se ocorrer, será gradual, ressaltando que a autarquia optou por não dar uma orientação futura para a política monetária.
Segundo ele, ajustes futuro nos juros serão ditados pelo firme compromisso com a meta de inflação e que o BC fará o que for preciso para alcançá-la.
O atual presidente do BC também disse que se for preciso fazer mais intervenções no câmbio, “assim faremos”, ressaltando que o câmbio é flutuante e que as atuações ocorrem em momentos de disfuncionalidade no mercado.
Já no início da tarde, Haddad disse que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro está crescendo perto de 3% e vai manter esse ritmo, mesmo que, pouco tempo atrás, a maior parte dos economistas considerasse que o crescimento potencial estaria mais próximo de 1,5%.
“Nós não podemos nos conformar com crescer menos do que a média mundial, porque as nossas vantagens não são na média mundial, nós somos superiores à média mundial”, comentou.
Ele lembrou que crescer na média mundial é “ficar no mesmo lugar”.
Investidores também esperam o envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2025 pelo governo ao Congresso Nacional nesta sessão, que deve mostrar expectativas com programas sociais e a previsão do salário mínimo. Além disso, o projeto prevê a arrecadação do governo com tributos e demais fontes de recursos, e define metas de política fiscal.
*Com Reuters e Estadão Conteúdo