Ibovespa sobe 4,87% e tem primeiro mês em alta desde agosto; dólar cai 5,5%
Mercado repercute a confirmação dos Estados Unidos em impor taxas de importação
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O dólar encerrou as negociações dessa sexta-feira (31) em queda ante o real, pela décima sessão consecutiva, com investidores acompanhando a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de importação sobre México e Canadá no sábado (1º).
Mais cedo, o porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt confirmou que os Estados Unidos imporão tarifas de 25% sobre Canadá e México, além de 10% sobre a China, mas se recusou a dizer se haverá isenções.
Na pauta de dados, mercados digerem números da inflação dos Estados Unidos e atualizações da taxa de desemprego e contas públicas no Brasil.
A moeda norte-americana à vista finalizou em queda de 0,30%, cotado a R$ 5,8355 na venda. O dólar acumula uma queda de 1,40% na semana e 5,56% no mês.
Na quinta-feira (30), a divisa fechou em baixa de 0,26%, a R$ 5,8532, a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado, quando encerrou em R$ 5,8096.
Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caminhava para fechar o primeiro mês no positivo desde agosto de 2024, mas inverteu o sinal na tarde de hoje. O último mês que o bolsa fechou no azul foi em agosto do ano passado, com alta de 6,54%.
Neste pregão, a bolsa brasileira encerrou em baixa de 0,61%, a 126.134,94 pontos, acumulando uma alta semanal de 3,01%. Em relação ao mês anterior, o Ibovespa registrou uma alta de 4,87%, quando atingiu 120.283,4 pontos em dezembro.
Tarifas de Trump
Os Estados Unidos irão impor taxas de 25% para produtos importados do Canadá e do México, e de 10% para itens da China, confirmou a Casa Branca nesta sexta-feira (31).
Segundo disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, as medidas entram em vigor a partir deste sábado (1º).
Detalhes sobre a taxação, como quais produtos serão tarifados, ainda não foi foram divulgados e a porta-voz Leavitt se recusou a dizer se haverá isenções.
Inflação nos EUA
Na agenda macroeconômica, os investidores analisam dados do índice PCE – a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed)– que subiu 2,6% no ano passado.
Em dezembro, o indicador avançou 0,3%.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços PCE subiu 0,2% no mês passado, após um aumento não revisado de 0,1% em novembro.
Nos 12 meses até dezembro, o núcleo da inflação avançou 2,8%, após um aumento de 2,8% em novembro.
O banco central dos EUA acompanha o PCE para a política monetária. Na quarta-feira (29), o Fed manteve sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50%, após reduzi-la em 100 pontos-base desde setembro, quando iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário.
O comunicado da decisão não incluiu a referência ao fato de a inflação ter “progredido” em direção à meta de 2% do Fed. Não se espera nenhum corte nos juros antes de junho.
Cenário doméstico
No Brasil, além de acompanhar o panorama externo, os agentes seguem digerindo os sinais emitidos pelo Banco Central (BC) e pelo governo na questão da política monetária, pontua Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Mais cedo, o BC informou que setor público consolidado — formado por estados, união e municípios — registrou déficit primário de R$ 47,6 bilhões em 2024, o equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano anterior, o déficit somou R$ 249,1 bilhões.
O resultado primário equivale à diferença entre as receitas e as despesas do governo, com exceção do pagamento dos juros da dívida.
Na avaliação do economista, a maior preocupação com a atividade trazida pelo comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira elevou a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, abre margem para o debate de uma extensão menor do ciclo.
“O ministro Haddad deu um recado sobre o tema, ao citar que o remédio não pode ser excessivo”, afirma o economista em relatório, ao referir-se a afirmações feitas pelo ministro da Fazenda ontem em entrevista à Rede TV!.
Ao mesmo tempo, as ações da Petrobras tendem a ficam no foco, em meio ao reajuste já esperado nos preços dos combustíveis a partir de amanhã, devido ao aumento do ICMS sobre esses produtos.
Ao mesmo tempo investidores monitoram eventuais notícias sobre outros possíveis aumentos por conta da defasagem com os valores no exterior.
Desemprego recua
A taxa de desocupação no Brasil no trimestre terminado em dezembro atingiu 6,2%, com leve queda em relação ao trimestre de julho a setembro (6,4%), dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta.
Já a média anual foi de 6,6%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2023, ao índice havia encerrado em 7,8%. Foi o terceiro ano seguido de retração da taxa de desocupação.
A população desocupada totalizou 7,4 milhões de pessoas em 2024, queda de 1,1 milhão ante 2023. É o menor quantitativo de pessoas desocupadas desde 2014 (7 milhões).
A população ocupada média em 2024 foi recorde na série histórica, com 103,3 milhões de pessoas, alta de 2,6% ante 2023.
Com vetos da tributária, exportação de cigarros e bebidas será taxada
*Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo