Bolsa supera 133 mil pontos, maior nível desde outubro de 2024; dólar sobe
Investidores reagem a perda de força da inflação brasileira, aos dados do Relatório de Política Monetária do BC e novas tarifas de Trump


O Ibovespa e o dólar encerraram a sessão desta quinta-feira (27) em alta, com investidores repercutindo a perda de força da inflação brasileira, segundo dados prévios de março publicados nesta manhã.
O mercado também digere dados do Relatório de Política Monetária do Banco Central, indicando crescimento menor do país neste ano.
Os dois vetores sinalizam juros menores no Brasil, dando força aos ativos locais.
Na cena internacional, as atenções seguem na política tarifária de Donald Trump, que ganhou nova força na véspera após anuncio de taxas de 25% sobre carros importados.
No fim do pregão, o principal índice da bolsa brasileira registrou ganhos de 0,47%, aos
pontos, superando esse patamar desde outubro do ano passado, e indo na direção opostas das bolsas em Wall Street e na Europa.O dólar, por sua vez, também encerrou as negociações no positivo, com alta de 0,44%, a R$ 5,7580 na venda.
Inflação no Brasil
No mercado nacional, os ganhos da divisa dos EUA eram impulsionados pela expectativa dos operadores por altas menores na taxa Selic nos próximos meses, após a divulgação de dados de inflação abaixo do esperado e de projeções mais fracas do BC para a economia brasileira.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de março desacelerou mais do que o esperado na base mensal, a 0,64%, de um ganho de 1,23% em fevereiro.
Economistas consultados pela Reuters projetavam um avanço de 0,70% no mês.
Em 12 meses, o IPCA-15 acelerou menos do que o esperado, registrando ganho de 5,26% em março, de alta de 4,96% no mês anterior e ante a projeção dos analistas de avanço de 5,30%.
As duas divulgações levavam operadores a precificar 78% de chance de uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros em maio, contra 22% de probabilidade de aumento de 0,75 ponto.
Na véspera, a chance do aumento menor estava em 62%.
A curva de juros, por sua vez, também refletia a nova expectativa, com as taxas dos DIs recuando para uma série de contratos.
Juros menores no Brasil implicam um diferencial de juros menor do país em relação a seus pares, o que acaba desvalorizando a moeda brasileira ao afastar investidores estrangeiros.
“Acho que o mercado está estritamente de olho nos dados domésticos mesmo. A questão tarifária externa segue em pauta, mas como há muita indefinição ainda, o investidor resolveu parar para olhar o local aqui”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
“IPCA-15 de março pegou. Pressão veio logo na esteira da divulgação, que veio abaixo do esperado”, completou.
Contexto internacional
Já no cenário externo, o dólar recuava diante das crescentes incertezas sobre os planos tarifários do presidente dos EUA, Donald Trump, um dia depois de ele anunciar a implementação de taxas de até 25% sobre as importações automotivas.
Segundo o presidente norte-americano, as novas taxas entrarão em vigor em 3 de abril, um dia depois da data em que ele vem prometendo anunciar uma série de tarifas recíprocas — taxas que responderão às barreiras impostas por outros países sobre produtos dos EUA.
Economistas temem que as medidas comerciais possam reacender a inflação nos EUA e ainda provocar uma recessão, à medida que o país já demonstra sinais de desaceleração econômica em alguns setores.
“Lá fora, existe um clima de aversão ao risco, muito impulsionado por esse receio de novas tarifas ameaçadas pelo presidente norte-americano. Mais uma vez essa saga sem fim, que gera maior incerteza e prejudica os índices de confiança”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Mundo tem 24 superbilionários com fortunas acima de US$ 50 bi; veja
*Com informações da Reuters