Dólar fecha em alta, com inflação dos EUA e tarifas de Trump; bolsa sobe
Mercado segue na expectativa pelo anúncio de tarifas recíprocas que deve ser anunciado por Trump ainda hoje
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Após oscilar acima dos R$5,80, o dólar perdeu força e fechou esta quinta-feira (13) praticamente estável ante o real, à medida que investidores se posicionam para a divulgação de dados de preços ao produtor nos Estados Unidos, enquanto aguardam novas notícias sobre as ameaças tarifárias do presidente norte-americano, Donald Trump.
A divisa norte-americana encerrou em alta de 0,10%, cotado a R$ 5,7679 na venda. Na quarta-feira (12), o dólar à vista fechou em leve baixa de 0,10%, a R$ 5,7622.
O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, finalizou com ganhos de 0,38%, a 124.850,18 pontos.
Cenário internacional
A expectativa pelo anúncio de tarifas recíprocas nesta quinta por Trump, que tem prometido responder às taxas comerciais cobradas por outros países sobre produtos dos EUA, estará no foco dos mercados globais nesta sessão.
O presidente norte-americano disse mais cedo que planeja anunciar as tarifas ainda nesta quinta, escrevendo em sua plataforma Truth Social: “Hoje é o grande dia: tarifas recíprocas”.
A medida se somará a outros anúncios tarifários já feitos por Trump, que incluem tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, taxa de 10% sobre produtos da China e tarifas de 25% sobre México e Canadá – esta última suspensa até o início do próximo mês após acordo com os dois vizinhos.
Investidores temem que as iniciativas de Trump provoquem uma guerra comercial ampla, o que poderia afetar cadeias de suprimento no mundo todo e elevar os preços de diversos produtos.
Caso as tarifas ajudem a aumentar a inflação nos EUA, analistas apontam que isso forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros elevada por ainda mais tempo, o que favorece o dólar ao aumentar os rendimentos dos Treasuries.
Os temores pela aceleração da inflação nos EUA já se acirraram na véspera, quando o governo norte-americano informou que seu índice de preços ao consumidor acelerou para uma alta de 0,5% em janeiro na base mensal, de avanço de 0,4% em dezembro e acima da projeção em pesquisa da Reuters de um ganho de 0,3%.
Em 12 meses, o índice passou a subir 3,0%, de 2,9% no mês anterior.
O resultado fez operadores projetarem apenas mais um corte de juros pelo Fed neste ano, ante a previsão de até duas reduções, com o chair Jerome Powell reiterando nesta semana, em depoimentos ao Congresso dos EUA, que a instituição “não tem pressa” para afrouxar a política monetária.
Os mercados globais voltarão suas atenções nesta sessão para a publicação de dados de preços ao produtor em janeiro nos EUA, às 10h30, que ganharam nova importância após os números da inflação ao consumidor da véspera.
“Se os preços ao produtor estiverem também aquecidos, é indício de que pode haver mais pressão inflacionária no futuro. Isso indicaria que o Fed vai ter menos espaço para cortes de juros, o que é um fator de fortalecimento do dólar globalmente e uma pressão altista para a nossa taxa de câmbio”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
No mesmo horário, dados de pedidos iniciais de auxílio-desemprego também serão divulgados.
Ainda está no radar a possibilidade de um acordo pelo fim da guerra na Ucrânia, o que os mercados veem como um fator positivo para a tomada de risco, após Trump conversar por telefonemas na quarta com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.
Cenário doméstico
O setor de varejo do Brasil registrou em 2024 o maior crescimento das vendas em 12 anos, embora tenha apontado enfraquecimento no final do ano em linha com as expectativas de perda de força gradual da economia.
As vendas varejistas tiveram queda de 0,1% em dezembro na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado mensal ficou aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de estabilidade. Na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve aumento de 2,0%, segundo o IBGE, contra projeção de ganho de 3,5%.
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*Com informações da Reuters