Dólar recua 1,5% e fecha abaixo de R$ 5,50 com alívio doméstico; Ibovespa sobe pela 4ª sessão seguida
Em dia sem referência de Wall Street, investidores repercutem positivamente sinalizações do governo federal de buscar equilíbrio das contas públicas
O dólar caiu forte pela segunda sessão seguida e o Ibovespa voltou a fechar no azul nesta quinta-feira (4), com investidores repercutindo positivamente as sinalizações do governo federal de buscar o equilíbrio das contas públicas.
Com mercados fechados em Wall Street pelo feriado de 4 de Julho, as atenções se voltaram aos ambiente doméstico.
Na véspera, Lula interrompeu uma sequência de ataques diários ao Banco Central (BC) e adotou um discurso de defesa do equilíbrio fiscal. Já Fernando Haddad afirmou durante a noite, após reunião com Lula, que o presidente determinou o cumprimento do arcabouço fiscal.
O clima ameno deu nova força para a queda do dólar, que fechou a sessão negociado a R$ 5,486, recuo de 1,49% no dia.
Em 2024, porém, a divisa ainda acumula alta de 13,08%.
Com liquidez reduzida e queda da curva dos juros, o Ibovespa registrou a quarta alta seguida, com avanço de 0,4%, aos 126.163 pontos.
O recuo dos juros futuros deu força para companhias mais sensíveis às taxas, como varejistas e construção civil, que lideraram as altas do pregão.
Na quarta-feira, Lula interrompeu uma sequência recente de críticas quase diárias ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao atual nível da taxa Selic e ao mercado financeiro, preferindo defender o ajuste das contas públicas.
Ele havia dito anteriormente que a valorização da moeda norte-americana se tratava de um “ataque especulativo”. No pico do estresse, o dólar chegou a bater R$ 5,70 na terça-feira (2).
Para Anderson Silva, sócio da GT Capital, o movimento arrefece um cenário que poderia levar a um novo ciclo de aumento dos juros pelo BC.
“Um país emergente como o Brasil não pode ter uma diferença de juros tão grande em relação aos EUA, sob pena de ter uma fuga de capital estrangeiro – como vimos acontecer em grande volume no primeiro semestre – o que consequentemente poderia fazer com que entrássemos em um ciclo vicioso de alta do dólar, aumento da inflação e, por consequência, aumento da Selic”, pontua.
Na noite de quarta, com os mercados já fechados, foi a vez de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião com Lula, afirmar que o presidente determinou o cumprimento do arcabouço fiscal e que a equipe econômica já identificou R$ 25,9 bilhões em despesas a serem cortadas no Orçamento de 2025.
Nesta quinta-feira, Lula participou de eventos públicos em Campinas, interior de São Paulo, mas, como na véspera, não fez comentários sobre o Banco Central ou a política monetária.
O governo trabalha com uma meta de déficit fiscal zero em 2024 e 2025, mas o alvo é visto com desconfiança por agentes do mercado, especialmente após indicações de resistência do Congresso a aprovar novas medidas que impulsionem a arrecadação, o que tem gerado pressão pela revisão de gastos.
*Com Reuters