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    “Espiral negativa” deve cortar superávit comercial em 40% em 2022, diz associação

    Cotações de petróleo, minério de ferro e óleos combustíveis devem ter as maiores quedas

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business , em São Paulo

    A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou nesta quarta-feira (8) sua projeção para a balança comercial brasileira em 2022. A expectativa é que o ano que vem tenha um superávit de US$ 34,524 bilhões, uma redução de 39,7% ante a projeção para 2021.

    Segundo a associação, o valor total das exportações em 2022 deve ter uma queda de 4,7% em relação a 2021, com US$ 262,379 bilhões. Já para as importações, a expectativa é de alta de 4,5%, com US$ 227,855 bilhões.

    Espera-se que as exportações por parte da agropecuária subam 17,5% ante 2021, mas que as de indústria extrativa e de transformação caiam, respectivamente, 26,9% e 1,3%. Já para as importações, os três setores devem ter, respectivamente, queda de 14,3% e altas de 14,3% e 3,4%.

    A instituição remete sua previsão a uma espiral negativa, com problemas de diversas naturezas. “Diversos fatores, não quantificáveis neste momento, podem impactar fortemente os mercados global e brasileiro no ano que vem”, diz.

    Entre eles estão a expectativa de queda do comércio mundial, a persistência de efeitos das crises energéticas na China e no Brasil, e a falta e preço elevado de contêineres para transporte de exportações.

    A possibilidade da União Europeia estabelecer novas barreiras contra produtos ligados ao agronegócio brasileiro devido a questões ambientais, o avanço da inflação global e a consequentemente elevação de taxas de juros em resposta também foram citadas pela AEB como riscos para o comércio exterior.

    Há a expectativa, ainda, que o quadro político brasileiro, com as eleições em 2022, impacte o setor. Com esse cenário, “não há indicação de que as commodities irão manter as cotações atraentes do quadro atual, ainda assim, devem permanecer como motor de sustentação das exportações brasileiras”, afirma José Augusto de Castro, presidente da AEB.

    Segundo ele, a expectativa é que os produtos manufaturados sejam os mais afetados, devido ao chamado custo Brasil – que engloba problemas de infraestrutura, altos impostos e custos de produção – elevado e pelos problemas econômicos na América Latina, seu principal mercado de destino.

    Já no caso das commodities, a AEB projeta uma tendência de queda nas cotações e volumes negociados em relação a 2021. Considerando a cotação em toneladas, as maiores quedas devem ser nos preços do minério de ferro (34,1%), petróleo (18,5%) e óleos combustíveis (15,8%).

    Já as maiores altas devem ficar com os preços da soja em grão (11,8%), café (14,3%) e carne de aves (4,5%).

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