Commodities representam 70% dos produtos exportados em setembro
Exportações brasileiras aumentaram 37%; minério de ferro, soja e petróleo foram os produtos mais comercializados
O Indicador de Comércio Exterior (Icomex) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que as commodities foram responsáveis por quase 70% do volume de exportações do Brasil em setembro. Do primeiro ao nono mês do ano, elas somam a marca de 69,7% de participação, a maior da série histórica iniciada em 1998.
De acordo com o índice, as exportações brasileiras aumentaram 37% quando comparadas com o mesmo período de 2020. Os produtos mais comercializados foram o minério de ferro, a soja e o petróleo. A alta dos preços e o impacto do câmbio, com o real desvalorizado, afetaram a os valores envolvidos nas transações, que aumentaram 41% no período acumulado. Mesmo com o volume, em produtos, tendo recuado 0,7%.
O Icomex revela ainda que as commodities respondem por três quatros dos valores das operações financeiras realizadas pelas exportações brasileiras. Pesquisadora responsável pelo estudo, a economista Lia Valls, do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), entende que o Brasil segue a tendência de crescimento no setor, o que favorece a balança comercial.
No entanto, segundo a especialista, a manutenção de um saldo positivo em 2022 dependerá do câmbio. “A balança tem sido muito puxada pela exportação das commodities, mesmo com as importações aumentando cerca de 30%. Em 2022, esperamos uma queda nas importações. Parte agrícola e petróleo devem se manter, mas o minério de ferro pode cair por conta da retração do mercado chinês. Um resultado positivo vai depender muito do comportamento dos preços”, apontou Valls.
A pesquisadora destaca que o comportamento observado em 2011, quando o mundo viveu o ciclo anterior de crescimento commodities, se repete. Mas, desta vez, elas são ainda mais importantes.
O estudo conclui ainda que as exportações concentradas nesses produtos contribuem para que a economia brasileira siga dependente deste segmento. Uma eventual queda nos preços contribuiria para a desaceleração econômica no Brasil, assim como em 2012 e 2013. A pesquisa reforça que a diversificação da pauta, um tema recorrente desde o final dos anos de 2010, continua na agenda da política comercial.
*(Sob supervisão de Stéfano Salles)