Carteira de dividendos: veja ações recomendadas por corretoras para dezembro
CNN Brasil Business compilou os 17 papéis mais recomendados por 12 corretoras para este mês
A economia brasileira continua atravessando um cenário de instabilidade e questões preocupantes, a principal delas, o surto inflacionário, que impacta o país de forma mais intensa que a média mundial. Com isso, o Banco Central é cada vez mais pressionado a adotar uma atitude mais rigorosa com a inflação, ou seja, o aumento dos juros, que acaba por implicar em um crescimento mais baixo em 2022.
Agravam o cenário as incertezas em relação aos impactos da nova variante do coronavírus na economia e nos negócios e o andamento da PEC dos Precatórios, aprovada com modificações pelo Senado na última quinta-feira (2) e que agora está de volta à Câmara para análise.
Nessa conjuntura, que deixa a bolsa ainda mais volátil, e pensando em oferecer dividendos atrativos para os investidores em meio à instabilidade fiscal e econômica, as corretoras criam carteiras recomendadas para dezembro focada no investidor agressivo – aquele que aceita mais o risco em troca de um possível maior retorno.
“Os acionistas precisam ter um emocional de absorver as oscilações de curto prazo. No caso das empresas pagadoras de dividendos, é preciso ter coragem para comprar as empresas após as quedas, já que, mantido o montante de dividendos pagos, isso se traduz em maior rendimento dos dividendos”, explica Murilo Breder, responsável pela carteira do Nu Invest.
“O cenário que vai se formando para o próximo ano para o país é de estagflação (baixo crescimento e alta inflação)”, afirma Leonardo Alvarenga, analista da Investmind.
A carteira
Para este mês, a Taesa foi a companhia mais escolhida pelo mercado, segundo o levantamento do CNN Brasil Business. A empresa focada em transmissão de energia elétrica do Brasil também foi o principal destaque na carteira de novembro, com cinco indicações.
Para criar a carteira de dividendos para dezembro, o CNN Brasil Business uniu as recomendações de 12 corretoras: Investmind, Guide, Órama, Bradesco, Terra, Planner, XP, Nu Invest, Agora Investimentos, BTG, Genial e Elite.
Veja o que os analistas comentaram sobre as empresas mais recomendadas para dezembro:
Taesa
Ticker: TAEE11
Comentário: XP Investimentos
A Taesa é um dos maiores grupos privados de transmissão de energia elétrica no Brasil, com 11.682 km de linhas de transmissão em operação e oito projetos em desenvolvimento em todas as regiões do país, além de 70 subestações. O segmento de transmissão de energia elétrica possui elevada previsibilidade devido à sua estrutura de receitas fixas, e permite o pagamento de atrativos dividendos.
Projetos em construção podem gerar valor adicional com economia de gastos e antecipação da entrega. A Taesa possui oito projetos em construção, arrematados em leilões de transmissão nos últimos anos, e assumimos que a empresa entrega seus projetos no prazo e orçamento previstos. No entanto, não descartamos a possibilidade de a empresa entregar projetos antecipadamente e/ou com economia de investimentos.
A antecipação em 1 ano de todos os projetos em desenvolvimento ou uma economia de 10% no orçamento previsto adicionariam individualmente R$ 1,0/unit ao nosso preço-alvo.
De acordo com o Estatuto Social da Companhia, os acionistas têm direito a um dividendo anual não cumulativo de pelo menos 50% do lucro líquido ajustado do exercício. A companhia tem apresentado um histórico de pagamento de dividendos bem acima da remuneração mínima que consta no texto de seu estatuto, aderente às melhores práticas de governança corporativa e a sua estratégia corporativa.
Engie
Ticker: EGIE3
Comentário: Órama Investimentos
A Engie é uma empresa com foco em geração de energia elétrica, mas também com participações em distribuição e em gás natural. Desde a privatização foi excelente pagadora de dividendos, bem como excelente alocadora de capital, entrando em projetos atípicos com alta taxa de retorno e tendo sucesso consistente.
Além das boas perspectivas associadas às iniciativas recentes no mercado de gás e em eólicas, a recomendação de ação nesta carteira é especialmente pelos proventos recorrentes que a companhia paga aos acionistas.
Itaúsa
Ticker: ITSA4
Comentário: Nu Invest
A Itaúsa chegou a distribuir impressionantes 94% de seu lucro líquido (payout) em 2018. No entanto, diante do contexto pandêmico e de uma limitação de payout dos bancos a 25% imposta pelo Conselho Monetário Nacional, a Itaúsa seguiu pelo mesmo caminho em 2020 e distribuiu 26% de seu lucro líquido no ano passado. Este cenário pode estar prestes a mudar. Como pode ser observado na imagem, se anualizarmos os proventos distribuídos no 1S21 já teríamos uma distribuição 58% maior do que a de 2020. Minha expectativa, porém, é que o ritmo de distribuição aumente ainda mais no decorrer do segundo semestre deste ano.
Nossa estimativa é que a Itaúsa distribua cerca de R$ 0,45 por ação em formato de dividendos ao longo dos próximos 12 meses, o que representaria um payout de aproximadamente 40% anualizando o lucro líquido do 1S21. Este patamar de distribuição seria acima do observado em 2020, mas ainda abaixo do percentual de 2019. Considerando o preço de fechamento do dia 10 de agosto (R$ 11,47), o retorno em dividendos (dividend yield) esperado para os próximos 12 meses é de 3,9%.
Vibra
Ticker: VBBR3
Comentário: Investmind
Nossa tese em Vibra Energia é apoiada nos seguintes pilares: esperamos que surjam mais ganhos de eficiência e consequentemente ela tenha uma rentabilidade mais elevada; ser líder em um setor com economias de escala relevantes; possuir planos para a expansão da sua rede de postos, assim como ganhar market share, e todas as possibilidades que a transição energética oferece de novos investimentos para a companhia, com potencial de crescimento relevante, mas que consideramos somente como opcionalidades. Portanto, julgamos o investimento em Vibra Energia como relevante, tanto pelo upside gerado por nosso modelo, quanto pela sua capacidade de distribuição de lucros em forma de dividendos.
Esperamos um retorno em dividendos de 9% em 2021.
Vale
Ticker: VALE3
Comentário: Guide Investimentos
Temos uma visão construtiva para a Vale. Ressaltamos o foco do management no controle de custos, além da contínua redução de capex e endividamento. Além disso, os preços de minério continuam em patamares elevados (fruto da menor oferta no mercado), enquanto a empresa negocia a múltiplos descontados.
Alguns triggers são: (i) forte valorização do minério no mercado internacional e (ii) a maior demanda da China por minério de maior qualidade; além (iii) das melhorias operacionais, reflexo da forte redução de custo caixa, deverão compensar tais efeitos negativos e queda de produção; (iv) diversificação geográfica no Brasil bem verticalizada, contando com capacidade de transporte e remessa própria.
Vale apresentou um resultado levemente abaixo de nossas expectativas, com receitas somando US$ 12,7 bilhões. O Ebitda totalizou US$ 7,1 bilhões. As quedas na comparação trimestral se devem a uma menor receita do negócio de minerais ferrosos e metais básicos, com as diminuições vistas para os preços do minério de ferro (-31% t/t no preço realizado pela Vale), além de menor receita vinda do níquel, sobretudo pela paralisação dos funcionários em Sudbury.
Avaliamos a entrada em Vale nesse momento a patamares interessantes, negociada com desconto em relação aos pares australianos.
Bradesco
Ticker: BBDC4
Comentário: Órama Investimentos
O Bradesco é um dos maiores bancos deste país, com o seu principal negócio na concessão de crédito, mas também em serviços financeiros, investment banking e seguros. O banco possui um economics razoavelmente estável, com previsibilidade nos números de curto prazo.
Optamos por colocá-lo na nossa carteira primeiramente pela relevância do business de concessão de crédito no negócio, em especial no que se refere aos clientes large corporate. Este será um dos últimos negócios a serem atacados pelas fintechs, além de se beneficiar de um fator conjuntural que é a alta da Selic.
O business de seguro de saúde também deve se beneficiar dessas mesmas componentes.
Acreditamos que alguns dos grandes bancos brasileiros foram extremamente conservadores no seu provisionamento pós-covid, e o Bradesco foi um deles. Esperamos uma reversão dessas provisões nos próximos resultados, o que é mais um fator conjuntural que deverá melhorar os números do banco.
BB Seguridade
Ticker: BBSE3
Comentário: Investmind
Trata-se de uma empresa com resultados estáveis, com certa previsibilidade de lucros, mas que devido ao seu perfil de cobertura e distribuição, vinha sofrendo com a queda na taxa de juros. Seus acordos comerciais e parcerias lhe garantem posições de destaques no setor de seguros, conferindo-lhe alto market share em suas principais áreas de atuação. O fato de ser uma empresa de controle do Banco do Brasil abre margem para uma ampla distribuição dos produtos de seguros por meio de um canal bancário com relevante capilaridade ao redor do território brasileiro.
Com isso, pensando em um cenário de maior estabilidade macroeconômica e de taxas de juros mais altas, a companhia pode representar uma boa oportunidade para quem busca investimentos com menos volatilidade e maior capacidade de distribuição de dividendos. Esperamos um dividend yield de 7,6% em 2021.
Telefônica
Ticker: VIVT3
Comentário: Guide Investimentos
A Telefônica Brasil atua no setor de telecomunicações, e é subsidiária do grupo espanhol Telefónica. É uma das principais operadoras de telefonia no Brasil e atua em nível nacional com a marca Vivo nos mercados de telefonia móvel e fixa, dados móvel, banda larga fixa e serviços digitais. Com o desuso dos serviços de voz fixa, xDSL e DTH a companhia foca na expansão de sua cobertura FTTH e na manutenção de sua posição de liderança no segmento móvel através de sua cobertura 4G e 4,5G e oferta de dados.
A empresa possui um portfólio completo de serviços de telecom para pessoas físicas, além de soluções corporativas para empresas de todos os tamanhos.
A Vivo aguarda a decisão do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) sobre a aquisição da Oi Móvel em conjunto com Claro e TIM.
No 2T21, a empresa reportou crescimento de suas unidades core, impulsionado pelo crescimento do número de clientes móvel e FTTH. A margem Ebitda no trimestre veio acima do consenso, com a exclusão do ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins e contingências.
Vemos os papéis da empresa sendo negociados a um múltiplo atraente, quando comparado a sua média histórica, e ainda possuir um dividend yield robusto.