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    Ações da Azul e da Gol disparam com acordo sobre compartilhamento de operações

    Empresas afirmaram que possuem cerca de 1.500 decolagens diárias e que união criará mais de 2.700 oportunidades de viagens com apenas uma conexão

    Reuters , São Paulo

    As ações de Azul e Gol dispararam nesta sexta-feira (24), após as companhias aéreas anunciarem um acordo para compartilhar rotas, também chamado de codeshare, que englobará mais de 150 destinos, acrescentando que as rotas envolvidas serão aquelas operadas por uma das companhias e não pela outra.

    Azul liderou o Ibovespa e fechou com avanço de 5,18% (R$ 10,36), enquanto Gol, que está em recuperação judicial e não faz parte do principal índice do mercado brasileiro, subiu 11,90% (R$ 1,41).

    A Gol e a Azul são, respectivamente, a segunda e a terceira maiores companhias aéreas do Brasil em receita por passageiro por quilômetro, uma medida de tráfego. Cada uma tem cerca de 30% de participação no mercado doméstico, atrás dos 40% da Latam, segundo dados da Anac.

    A Gol vem perdendo terreno desde que pediu recuperação judicial nos Estados Unidos no início deste ano, em meio a dívidas elevadas e atrasos nas entregas da Boeing.

    Analistas do Itaú BBA destacaram que a notícia é positiva para a Azul porque, entre outras razões, reforça o ambiente competitivo positivo no espaço aéreo brasileiro, assim como poderá desbloquear receitas adicionais para a Azul dada a maior conectividade criada pelo codeshare.

    “Observe que este acordo não depende de aprovação antitruste”, afirmaram Gabriel Rezende e equipe em relatório enviado a clientes, avaliando ainda que a notícia poderá aumentar a percepção dos investidores sobre a possibilidade de uma fusão entre as companhias aéreas.

    Notícias nos últimos meses afirmaram que a Azul estava cogitando uma aquisição da Gol, que era a principal companhia aérea do Brasil até 2021. A Azul tem afirmado que observa o mercado em busca de potenciais parcerias e que, em geral, é a favor de movimentos de consolidação para fortalecer operadoras aéreas.

    As empresas afirmaram que possuem cerca de 1.500 decolagens diárias e que o acordo vai criar mais de 2.700 oportunidades de viagens com apenas uma conexão.

    “Dado que a Azul voa sozinha em mais de 80% de suas rotas, a combinação de seus negócios poderia desbloquear sinergias substanciais de receitas, além da economia de custos para a empresa combinada”, acrescentaram os analistas do Itaú BBA.

    De acordo com o comunicado das duas empresas divulgado na noite de quinta-feira, as ofertas de rotas em codeshare estarão disponíveis para venda a partir do final de junho nos canais de ambas as companhias. As rotas que são operadas por ambas as empresas não fazem parte do acordo.

    O acordo vincula os programas de fidelidade de ambas as companhias, permitindo que os viajantes acumulem pontos no programa de sua preferência.

    O ministro dos Portos e Aeroportos do Brasil, Silvio Costa Filho, disse esperar que o acordo de codeshare entre Gol e Azul amplie a conectividade entre os diversos destinos brasileiros, gerando maior complementaridade na malha aérea nacional, oferecendo mais opções de voos.

    “O MPor e a Anac estarão acompanhando eventuais consequências do acordo entre as duas empresas, buscando sempre melhores serviços e condições para o consumidor brasileiro”, disse Costa Filho, em um post na rede social X.

    A Azul tinha um acordo de codeshare com a Latam em 2020, quando a pandemia do coronavírus atingiu a indústria de viagens aéreas, mas ele acabou no ano seguinte, quando a Azul fez uma oferta sem sucesso para combinar seus negócios com a transportadora com sede no Chile.

    As companhias aéreas locais têm lutado para estabilizar os seus negócios desde a pandemia. A Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA, em processo conhecido como Chapter 11, a Latam saiu do pedido de recuperação nos EUA com um plano de reorganização de 8 bilhões em 2022 e a Azul reestruturou sua dívida fora dos tribunais no ano passado.

    Analistas da Genial Investimentos disseram acreditar que o acordo é reflexo de uma incapacidade da Gol em suprir a demanda e deve beneficiar a Azul com o escoamento de passageiros.

    As companhias aéreas brasileiras registraram uma procura mais forte este ano, levando a Azul a aumentar em março a sua estimativa para os resultados.

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