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    Mercado nos EUA vê Fed dando pausa nos cortes de juros

    Ata da última reunião indica que novas altas podem estar a caminho

    Bryan Menada CNN , Washington

    Em julho, o Federal Reserve elevou as taxas de juros ao seu nível mais alto em 22 anos em uma tentativa agressiva de conter a inflação, e há uma chance de que mais aumentos nas taxas ainda possam ocorrer.

    Olhando para a próxima fase da estratégia do Banco Central norte-americano, os investidores estão se perguntando por quanto tempo as taxas permanecerão tão altas? Mas a trajetória incerta da inflação torna essa pergunta difícil.

    “Em vez de discutir sobre a taxa de pico, de quantos aumentos de taxa ainda precisa haver, o que provavelmente devemos começar a pensar é quanto tempo isso vai durar, que você estará nessas taxas elevadas”, disse o presidente do Banco de Chicago do Fed, Austan Goolsbee.

    Expectativa por cortes

    Alguns investidores estão apostando em cortes de juros já no início do próximo ano, talvez na expectativa de que a economia possa se deteriorar em breve.

     

    Se o desemprego aumentar devido a taxas de juros mais altas, por exemplo, o Federal Reserve provavelmente cortaria as taxas para conter a perda de empregos sob seu mandato de emprego máximo.

    No entanto, o Fed ainda não deu nenhum indício de cortes nas taxas. Na verdade, de acordo com a ata de sua última reunião em julho, parece provável que ocorra exatamente o contrário: mais altas de juros neste ano.

    Mercado pessimista

    A conversa dura do BC dos EUA abalou o mercado de títulos, ajudando a elevar os rendimentos de longo prazo. O rendimento da nota do Tesouro dos Estados Unidos em 10 anos atingiu 4,3% na quinta-feira (17), seu nível mais alto em mais de uma década.

    “As expectativas do mercado [de títulos] contra a orientação do Fed sugerem que o mercado de títulos está pessimista [sobre a economia] porque aposta que teremos quatro cortes nas taxas, enquanto o mercado de ações não”, disse Mark Hackett, chefe de pesquisa de investimentos da Nationwide.

    Cortes de juros significariam que o Federal Reserve está tentando impulsionar uma economia que não está indo bem o suficiente para promover o pleno emprego.

    Em contraste, a sugestão do BC norte-americano de aumentos de juros implica que eles veem que a economia dos EUA ainda está muito quente e pode não ser consistente com uma inflação de 2%.

    “É inteligente prestar atenção nos investidores em títulos porque, historicamente, eles sempre foram os ‘adultos na sala’, mas nos últimos 24 meses ou mais, os mercados de títulos têm sido extremamente pessimistas”, disse ele.

    Quando podem acontecer as reduções?

    Além da possibilidade de cortar as taxas devido a uma desaceleração econômica, a redução pode vir se a inflação cair muito.

    “Se o Fed perceber que a inflação está abaixo da meta de 2%, eles podem começar a diminuir as taxas de juros, mas não acho que eles vão começar a diminuir as taxas de juros até que isso aconteça”, disse Eugenio Alemán, economista-chefe da Raymond James.

    E mesmo se e quando os cortes começarem, é improvável que a entidade volte a taxas de juros “ultrabaixas”, como nos anos anteriores à pandemia de Covid-19, dizem os economistas.

    A notável força da economia dos EUA neste verão manteve algumas autoridades do BC dos EUA preocupadas em fazer a inflação cair para 2%.

    Últimos indicadores

    O Índice de Preços ao Consumidor subiu 3,2% em julho em relação ao ano anterior, um ritmo mais rápido do que o aumento anual de 3% em junho.

    Essa foi a primeira vez que a inflação geral aumentou em mais de um ano, embora os aumentos de preços subjacentes tenham continuado a desacelerar no mês passado.

    Tanto os investidores quanto o Fed estão observando de perto os gastos do consumidor, o que pode sinalizar mais aumentos de juros se os gastos aumentarem demais, ou uma recessão e a maior probabilidade de cortes de juros se esfriarem muito rapidamente.

    As vendas no varejo dos EUA subiram 0,7% em julho em relação ao mês anterior, um ritmo muito mais rápido do que o ganho de 0,3% em junho.

    “Se os consumidores ainda estão gastando, isso é bom para a economia, mas sugere que o Fed continuará em seu curso de aperto, o que pode não ser bom para os mercados de ações”, disse Melissa Brown, chefe global de pesquisa aplicada da Qontigo.

    “Por outro lado, se o consumidor não está gastando o suficiente na visão do mercado, isso também pode ser um sinal de que essa recessão que a curva de juros prevê há um ano pode estar mais próxima do que pensamos”, conclui a especialista.

    Veja também: No Brasil, expectativa de inflação para 2023 e 2024 cai

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