Xi Jinping pede impulso “total” da infraestrutura para resgatar economia chinesa
País asiático se aproxima de um ponto de ruptura por causa dos lockdowns da Covid-19
A China está prestes a embarcar em uma nova onda de gastos com infraestrutura em uma tentativa de arrumar a economia, que se aproxima de um ponto de ruptura por causa dos lockdowns da Covid-19.
O presidente Xi Jinping disse em uma reunião com autoridades da área econômica na terça-feira (26) que “todos os esforços” devem ser feitos para impulsionar o setor de construção para aumentar a demanda doméstica e promover o crescimento.
Segundo ele, a infraestrutura do país ainda é “incompatível” com as necessidades de desenvolvimento e segurança nacional, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.
Xi pediu mais projetos em transporte, energia e conservação de água, bem como novas instalações para supercomputação, computação em nuvem e inteligência artificial.
O presidente não detalhou quanto a China planeja gastar no novo impulso de infraestrutura. De acordo com as estatísticas mais recentes do governo, o investimento em infraestrutura já aumentou 8,5% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao ano anterior.
Os comentários de Xi (que raramente expõe planos econômicos detalhados, deixando isso para seu primeiro-ministro Li Keqiang) indicam que o governo está ficando cada vez mais preocupado com a piora das perspectivas de crescimento do país.
O governo parece estar voltando a uma política que havia minimizado nos últimos anos para aliviar a pressão sobre as finanças do governo local e promover o crescimento por meio do consumo.
Os lockdowns da Covid-19 levaram a segunda maior economia do mundo a ficar “perto do ponto de ruptura”, de acordo com uma análise da Société Générale revelada no início dessa semana. Entretanto, as restrições duras em Xangai e outras grandes cidades chinesas são apenas o golpe mais recente.
A China já vinha sentindo o impacto de uma queda no mercado imobiliário e uma repressão à iniciativa privada. O desemprego atingiu uma alta de 21 meses em março.
Vários bancos de investimento reduziram suas previsões para o crescimento chinês no mês passado. Além disso, o Fundo Monetário Internacional disse na semana passada que esperava um crescimento de 4,4% este ano (abaixo da previsão anterior de 4,8%) citando riscos da rigorosa política de zero Covid do governo chinês.
O valor está bem abaixo da previsão oficial da China de cerca de 5,5%.
“A reunião de terça-feira sugere que os formuladores de políticas chineses estão cada vez mais conscientes dos fortes ventos contrários ao crescimento das restrições da Covid e da desaceleração contínua do setor imobiliário e, portanto, estão mais determinados a aumentar as medidas de flexibilização das políticas”, escreveram analistas do Goldman Sachs na quarta-feira (27).
Enquanto isso, os analistas do Citi acreditam que o investimento em infraestrutura da China provavelmente aumentará 8% em 2022, bem acima do aumento de 0,4% observado em 2021.
“O impulso da infraestrutura é real”, escreveram na quarta-feira em nota.
“O ponto de virada para ações políticas reais pode ter chegado, e o estímulo provavelmente virá de forma mais óbvia a partir do final do segundo trimestre.”
A nova diretriz não é o único movimento feito pelos legisladores chineses esta semana para acalmar os nervos e impulsionar o crescimento. Na segunda-feira (25), o Banco Popular da China cortou a quantidade de divisas que os bancos devem manter como reservas de 9% para 8%.
Esse movimento aumentaria efetivamente a oferta de dólares no mercado. Os analistas acreditam que a decisão visa impedir uma rápida queda do yuan.
A moeda chinesa enfraqueceu rapidamente nos últimos dias, caindo para o menor nível desde novembro de 2020, com o aumento de casos de Covid-19 em Pequim provocando temores de que a capital chinesa pudesse se juntar a Xangai e outras grandes cidades em confinamento.
As ações chinesas também despencaram mais em um mercado de baixa no início desta semana, com o Shanghai Composite Index caindo 21% até agora apenas em 2022, tornando-se o segundo mercado com pior desempenho do mundo depois da Rússia, segundo dados da Refinitiv Eikon.
A queda do mercado ocorre quando a China continua determinada a manter suas rígidas restrições à Covid-19, apesar do alto preço econômico.
O centro financeiro e industrial de Xangai está fechado há cerca de um mês, forçando as empresas a encerrar seus negócios e piorando a interrupção da cadeia de suprimentos global.
Pequim iniciou testes em massa na segunda-feira para seus 21 milhões de habitantes para conter um surto “veloz e furioso”, disse o porta-voz do governo da cidade.