
Waack: Trump detona guerra comercial com o mundo
Os mercados reagiram mal à iniciativa do presidente americano, registrando perdas severas — sobretudo para fabricantes de automóveis

Donald Trump lançou o maior experimento econômico moderno de que se tem notícia, deflagrando uma guerra comercial em escala planetária. O estopim foi a aplicação de tarifas devastadoras sobre a importação de veículos nos Estados Unidos, seguida por medidas de retaliação anunciadas por países da Ásia e da Europa.
Os mercados reagiram mal à iniciativa de Trump, registrando perdas severas — sobretudo para fabricantes de automóveis, tanto nos EUA quanto no exterior. Contrariando o objetivo declarado do ex-presidente, as projeções que levaram a essas perdas indicam expectativas de redução, e não aumento, da produção industrial nos Estados Unidos. Além disso, as medidas fortaleceram o valor e a capacidade competitiva das empresas chinesas de veículos elétricos, justamente contra as concorrentes americanas.
Em termos macroeconômicos, analistas dos Estados Unidos, da Europa e do Japão concordam em prever um crescimento menor do PIB global, devido à insegurança que levará muitas empresas a adiar decisões de investimento. O experimento de Trump ameaça cadeias produtivas consolidadas há décadas, além de minar relações com países até então aliados.
Apesar dos riscos, Trump pretende aumentar a aposta ainda na próxima semana, com a imposição de novas tarifas. Seu experimento causa horror em quem conhece a história — algo que, evidentemente, não é o seu caso. A última vez que os Estados Unidos embarcaram em uma empreitada protecionista dessa magnitude foi na década de 1930, e o resultado foi um desastre econômico sem precedentes, seguido pela Segunda Guerra Mundial.
O paralelo histórico serve como alerta: políticas comerciais agressivas e isolacionistas podem ter consequências catastróficas, não apenas para a economia, mas para a estabilidade global.