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    Vilões da inflação em 2021, combustíveis devem se manter estáveis este ano

    Segundo especialistas consultados, avanço da vacinação contra a Covid-19 e menor rigidez do inverno no hemisfério norte indicam cenário de estabilidade de preços

    Denise Luna, do Estadão Conteúdo

    O diesel foi o combustível fóssil que mais subiu no ano passado, 46,8% na comparação com 2020, segundo o Levantamento de Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP).

    O segundo maior aumento foi da gasolina (46,5%), seguida do Gás Natural Veicular (40,1%) e gás de cozinha (35,8%).

    A alta acompanhou o preço do petróleo no mercado internacional, que em um ano de instabilidade subiu cerca de 40%, no embalo da recuperação da economia global com a evolução da vacinação contra o covid-19.

    Para piorar, o etanol também disparou no mercado interno, com os produtores priorizando a produção de açúcar, em alta no mercado mundial, reduzindo a oferta nacional. Segundo a ANP, nos postos de abastecimento o etanol subiu 60% no ano passado.

    De maneira geral, os combustíveis, junto com a energia elétrica, foram os grandes vilões da inflação de 2021, que deve fechar o ano acima dos 10%, segundo analistas.

    O cenário, porém, não deve se repetir este ano, informa o coordenador dos índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, apesar do petróleo estar retornando para as máximas do ano passado, em torno dos US$ 80 por barril do tipo Brent.

    “Os combustíveis não vão aparecer mais como os grandes vilões este ano, como foi o caso no ano passado. Ano passado teve desvalorização cambial grande e aumento do preço em dólar do petróleo, houve desmobilização da cadeia produtiva, o que está sendo retomado este ano”, explicou Braz.

    Ele ressalta que apesar da variante do covid-19, Ômicron, estar no radar global, ameaçando a retomada de grandes economias, não deve ter o efeito que a pandemia teve no ano passado.

    “Temos condições de ter preços mais estáveis este ano”, afirmou.

    Outra diferença em relação a 2021 está sendo o inverno no hemisfério norte, que vem se apresentando menos rígido do que no ano passado, quando refinarias tiveram que parar de operar por conta das temperaturas.

    Na estimativa de Braz, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve cair pela metade em relação a 2021, para 5,2%.

    “Minha previsão para este ano fica acima do que o mercado espera, que é o teto da meta de inflação (5%), exatamente pelo risco político de ano eleitoral, principalmente na reta final das eleições, que traz desvalorização cambial com chances de afetar a inflação de 2022”, informou.

    Para o Pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jager, o petróleo deve ter uma leve queda no primeiro semestre de 2022, com o fim do inverno no hemisfério norte, mas os derivados devem se manter nos patamares atuais, com a recuperação da margem dos postos de abastecimento, que não repassaram todo o aumento da Petrobras no ano passado.

    Nas refinarias da Petrobras, o aumento da gasolina, por exemplo, foi de 63,3%. Outro agravante, destaca, será a continuidade da alta do açúcar no mercado internacional, que deve manter o preço do biocombustível em alta, o que afeta a gasolina, cuja mistura está no patamar de 27%.

    “Não existe grande espaço para redução dos derivados, apenas se a Petrobras reduzir o preço na refinaria por decisão política, o que pegaria muito mal para a empresa”, avaliou.

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