Via revê demandas trabalhistas e tem prejuízo de R$ 638 milhões no 3º trimestre
Dona das Casas Bahia afirmou que o valor médio dos processos cresceu 32% no período de 2020 a 2021 ante os anos de 2019 e 2020
A Via, dona da bandeira Casas Bahia e do banco digital banQi, teve prejuízo líquido contábil de R$ 638 milhões no terceiro trimestre, impactada por revisões em provisões geradas por processos trabalhistas.
A companhia afirmou em fato relevante que o valor médio dos processos cresceu 32% no período de 2020 a 2021 ante os anos de 2019 e 2020 e que a entrada de novos processos contra a companhia disparou 82% no primeiro semestre em relação à primeira metade do ano passado.
Com isso, a empresa montou uma provisão de R$ 2,5 bilhões ao final de setembro com relação a estes processos, ante provisão de R$ 1,2 bilhão em junho.
O fundador da Casas Bahia, Samuel Klein, foi alvo neste ano de uma série de reportagens que denunciaram casos de assédio de funcionários e abuso sexual ocorridos na empresa anos atrás, quando a bandeira ainda não fazia parte da Via.
A Via afirmou no balanço que os processos decorrem principalmente de demissões promovidas pela empresa desde 2011, em uma estratégia de enxugamento do quadro de pessoal para “melhorar sua rentabilidade” e que contratou uma consultoria especializada para ajudá-la a criar um plano de ação sobre as ações trabalhistas.
Apesar de parte dos processos ter sido liquidada, a Via afirmou nesta quarta-feira que “há muitos casos nos tribunais superiores que custam 32% a mais em comparação a 2019 e 2020”.
Com isso, passou a estimar que terá um impacto caixa de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões com os processos no quarto trimestre, chegando a R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões em 2022.
Com a revisão, o Ebitda ajustado da empresa ficou negativo em R$ 342 milhões no trimestre, afirmou a empresa.
Operacional
Em termos operacionais, a Via teve lucro líquido de R$ 101 milhões no terceiro trimestre, praticamente em linha com o resultado positivo de um ano antes.
A Via, que está investindo na criação de um ecossistema de vendas formado por ativos digitais e físicos, divulgou um crescimento de vendas brutas totais (GMV) de 5,7% no trimestre, pressionado pela queda de 14,3% no desempenho de lojas físicas.
Porém, as vendas digitais, próprias ou de terceiros, tiveram um crescimento de GMV de 34,7%, para R$ 6,6 bilhões, aumentando a participação nas vendas totais do grupo em 12,9 pontos percentuais, para 59,8%.
A empresa, que compete com rivais como Magazine Luiza, Americanas e Mercado Livre, viu as vendas do marketplace subirem 132,8%, para cerca de R$ 2 bilhões de julho a setembro, assumindo participação no total das vendas digitais de 29,8%, 12,6 pontos acima de um ano antes.
Nestes termos, o Ebitda cresceu 6,7%, para R$ 669 milhões, com a margem avançando de 8% para 9,1%.