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    Varejo repassou metade da alta de custos ao consumidor em 12 meses, diz CNC

    Guerra na Ucrânia deve elevar essa pressão inflacionária sobre o setor, fazendo com que chegue ao varejo, especialmente nos combustíveis e alimentos

    Daniela Amorim, do Estadão Conteúdo

    O comércio varejista só repassou ao consumidor apenas metade dos aumentos de custos acumulados nos últimos 12 meses.

    A invasão da Ucrânia pela Rússia deve elevar essa pressão inflacionária sobre o setor, fazendo com que chegue ao varejo, especialmente através de combustíveis e alimentos mais caros.

    A avaliação é do economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

    O volume de vendas do comércio varejista brasileiro avançou 0,8% em janeiro ante dezembro, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Bentes ressalta que, na média, os preços dos produtos comercializados pelo setor — obtidos através do deflator da PMC — foram reajustados em 12,7% nos 12 meses encerrados em janeiro deste ano.

    Já os preços no atacado, avaliados por meio do Índice de Preços ao Produtor (IPP, a inflação da indústria na porta de fábrica, também do IBGE), avançaram 25,4% no mesmo período, o que revela um repasse de 50% dos aumentos nos custos dos bens industriais aos preços finais cobrados dos consumidores, aponta o economista da CNC, em relatório.

    “Nesse sentido, todos os segmentos do varejo têm enfrentado pressões de custos recorrendo a graus de repasses que variam de 19% no caso de livrarias e papelarias a 97%, como no comércio automotivo”, escreve o economista.

    Segundo Bentes, a guerra no Leste Europeu deve manter as pressões inflacionárias persistentes nos próximos meses, sobretudo nos segmentos varejistas de combustíveis e supermercados.

    Ele menciona a escalada do preço do petróleo desde o início do conflito, no final de fevereiro, até atingir quase US$ 140 pelo barril, a maior cotação em 14 anos.

    Já o setor supermercadista pode ser impactando por pressões de médio prazo decorrentes dos reajustes em commodities agrícolas e de uma eventual escassez de fertilizantes, uma vez que a Rússia é fornecedora do setor agrário brasileiro.

    O varejo de combustíveis e o setor supermercadista respondem por quase a metade (48,5%) das vendas anuais do varejo, ressalta Bentes.

    A expectativa de uma inflação mais pressionada também aumenta a possibilidade de elevação mais acentuada na taxa básica de juros, a Selic, o que impactaria atividades mais dependentes de crédito, lembra.

    Após a divulgação da PMC de janeiro, a CNC cortou sua projeção de crescimento para o varejo em 2022, que passou de uma alta esperada de 0,9% para elevação de 0,5%.

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