Vale vai investir US$ 5,8 bi e aumentar produção de minério de ferro em 11%
Projeções são para o ano de 2021, divulgadas pela estatal em preparação para o Vale Day
A mineradora Vale (VALE3) pretende investir US$ 5,8 bilhões em 2021, de acordo com informações disponibilizadas nesta quarta-feira (2), em fato relevante divulgado ao mercado sobre a atualização das projeções, como preparação para seu encontro anual com analistas o Vale Day.
Segundo a companhia, desse total US$ 4,8 bilhões serão destinados à manutenção e apenas US$ 1 bilhão a crescimento. Para os anos subsequentes, a empresa informou que irá investir US$ 5,5 bilhões, em média, com US$ 1 bi para expansão.
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A companhia manteve a última estimativa de capex para 2020, de US$ 4,2 bilhões, divulgada junto com os resultados do terceiro trimestre. O montante vem se reduzindo ao longo do ano.
A primeira projeção divulgada pela Vale no encontro de acionistas do ano passado era de US$ 5 bilhões, depois revisada para baixo por duas vezes. A estimativa para 2021, entretanto, cresceu em US$ 800 milhões ante o divulgado na ocasião.
Em teleconferência com analistas, em outubro, o diretor-executivo de Finanças da companhia, Luciano Siani, informou que as projeções de investimento sofriam uma influência positiva do câmbio, além de um “efeito Covid-19”, como decorrência da postergação de obras.
Minério de ferro
A produção de minério de ferro da Vale poderá aumentar em até 11,7% em 2021, com a empresa encerrando 2020 abaixo da meta estimada, enquanto ainda lida para retomar capacidade em meio a efeitos do desastre de Brumadinho (MG), em janeiro do ano passado.
Contudo, os volumes projetados para o próximo ano pela companhia –no passado, a maior produtora global de minério de ferro, posto perdido para anglo-australiana Rio Tinto– deverão ficar abaixo até mesmo do que a empresa havia estimado originalmente em 2019 para 2020.
A produção de minério de ferro da Vale em 2020 foi estimada nesta quarta-feira entre 300 milhões e 305 milhões de toneladas, contra uma meta mais recente de 310 milhões a 330 milhões de toneladas, com um número mais provavelmente “na extremidade inferior” da projeção.
Para 2021, a produção de minério de ferro da Vale deverá crescer para uma faixa de 315-335 milhões de toneladas, informou a companhia em fato relevante, antes do evento Vale Day, a partir das 11h30 de quarta-feira.
No Vale Day do ano passado, antes de revisar suas metas por efeitos climáticos e em meio à pandemia, a companhia havia projetado entre 340 milhões de 355 milhões de toneladas para 2020 e 375-395 milhões para 2021.
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Ao final de outubro, o diretor-executivo de Ferrosos da Vale, Marcello Spinelli, havia dito que a companhia estava produzindo no quarto trimestre “na casa de 1 milhão de toneladas ao dia” de minério de ferro, o que seria suficiente para atingir o nível mais baixo da meta mais recente para o ano. Mas ele citou também riscos de atrasos, como o caso do projeto Serra Leste.
A companhia anunciou apenas ao final de novembro a obtenção da licença para retomada e expansão de Serra Leste, no Pará, cujas operações ficaram paralisadas desde janeiro de 2019, depois de ter atingido o limite da área até então licenciada para a extração do minério de ferro.
Já a produção de cobre foi estimada em 390 mil toneladas em 2021 e em 455 mil toneladas na média de 2022 a 2024, enquanto a divisão de níquel terá 200 mil toneladas em média entre 2021 e 2023.
Por volta das 11:05, as ações da companhia caíam 3%, a 78,78 reais, apesar de o minério de ferro marcar uma nova máxima recorde na bolsa chinesa de Dalian. Na terça-feira, os papéis da mineradora fecharam em alta de mais de 4%, para a máxima histórica de fechamento a 81,25 reais. Em 2020, as ações acumulam elevação de mais de 50%.
Analistas do Bradesco BBI afirmaram que o guidance de produção inferior foi um pouco decepcionante, mas que não justificava nenhuma mudança estrutural na visão para a companhia. O Bradesco BBI tem recomendação ‘outperform’ para os papéis da Vale, com preço-alvo de 18 dólares para os ADRs.