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    Unigel investirá até US$ 1,5 bi na Bahia para produção de “hidrogênio verde”

    Essa será primeira instalação do país para produto em escala industrial

    Por Aluisio Alves, da Reuters

    A indústria química brasileira Unigel anunciou nesta quarta-feira (18) que investirá até US$ 1,5 bilhão em seu complexo na Bahia para produção do chamado “hidrogênio verde“, a primeira instalação do país para o produto em escala industrial.

    Localizada em Camaçari (BA), a fábrica deve ter a primeira de três fases inaugurada até o fim deste ano, ampliando a capacidade até chegar a 2027 produzindo 100 mil toneladas de hidrogênio, ou 600 mil de um de seus derivados, a amônia.

    A primeira fase do projeto foi anunciada em meados do ano passado, com investimento de US$ 120 milhões e capacidade de produção de 10 mil toneladas por ano de hidrogênio verde e de 60 mil toneladas por ano de amônia verde.

    O hidrogênio é usado como combustível para veículos e insumo em indústrias como siderurgia e refino de petróleo. A amônia também pode ser empregada como combustível de navios graneleiros e na fabricação de fertilizantes e acrílicos.

    Mas diferente da produção tradicional, na qual o insumo é o vapor do gás natural, o hidrogênio verde é obtido a partir da conversão de energia de origem eólica ou solar, com uso de eletrolisadores que serão fornecidos pela europeia thyssenkrupp nucera.

    Parte da energia a ser empregada na produção virá de energia eólica da Casa dos Ventos, com quem a Unigel firmou um contrato bilionário em setembro de 2021.

    Segundo o presidente da Unigel, Roberto Noronha Santos, no começo a maior parte da produção da nova fábrica deve ser enviada a clientes no exterior, dada a crescente demanda de regiões como a Europa por produtos que reduzam ou eliminem totalmente as emissões de carbono, como é o caso do hidrogênio verde.

    “A Unigel já opera um dos dois únicos terminais de amônia no Brasil, no porto de Aratu (BA)”, disse Santos à Reuters. “Também temos acesso à infraestrutura e a fontes de energia no Polo de Camaçari.”

    Segundo o diretor executivo da Unigel, Luiz Felipe Fustaino, a companhia está avaliando opções para levantar os recursos para a segunda e terceira fases do projeto, o que pode incluir joint ventures e uma oferta inicial de ações (IPO).

    A empresa, criada em 1966, chegou a tentar uma estreia na bolsa paulista em agosto de 2021, mas desistiu devido às condições adversas do mercado.

    No entanto, obteve o registro de companhia aberta e, após mudanças regulatórias implementadas recentemente pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), poderá vender ações usando um processo mais ágil do que no passado. “Mas isso ainda é uma alternativa em estudo”, disse Fustaino.

    Corrida pelo ouro verde

    Além da fábrica da Unigel, há outros projetos-piloto de produção de hidrogênio verde no país, um no Ceará, outro no Rio de Janeiro, ambos em caráter experimental.

    A emergência do combate ao aquecimento global tem uma corrida por projetos de descarbonização. No começo do mês, a Índia aprovou um plano de incentivo de US$ 2,1 bilhões para promover o hidrogênio verde, no esforço para produzir 5 milhões de toneladas do combustível até 2030.

    Em dezembro, o Egito concedeu licença para um projeto de amônia verde com capacidade anual de 1 milhão de toneladas, com investimento de US$ 5,5 bilhões.

    Um mês antes, Portugal revelou um plano para se tornar um grande exportador de hidrogênio verde, com investidores privados planejando gastar 10 bilhões de euros.

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