Ucrânia utiliza maior parte de reservas do FMI, aumentando pressões da dívida
Forças ucranianas estão lutando contra tropas russas que invadiram o país na semana passada
A Ucrânia acessou quase o total –com a exceção de US$ 80 milhões– dos US$ 2,7 bilhões em novas reservas de emergência do Fundo Monetário Internacional que recebeu em agosto, mostram dados do FMI, e especialistas dizem que o país provavelmente precisará de um alívio urgente da dívida neste ano.
As forças ucranianas estão lutando contra tropas russas que invadiram o país na semana passada, no maior ataque a um Estado europeu desde 1945, que já deixou milhares de mortos ou feridos e levou à fuga de mais de 1 milhão de refugiados.
Nações ocidentais estão enviando bilhões de dólares em apoio financeiro e armas para ajudar a Ucrânia, enquanto impõem sanções abrangentes destinadas a pressionar a Rússia a interromper o ataque.
A diretoria do Banco Mundial deve aprovar na sexta-feira US$ 350 milhões em fundos de apoio orçamentário iniciais como parte de um pacote mais amplo de US$ 3 bilhões, enquanto o FMI espera aprovar o desembolso de grande parte dos US$ 2,2 bilhões restantes num acordo “stand-by” com a Ucrânia na semana que vem.
A Reuters informou no mês passado que a Ucrânia está trabalhando com os Estados Unidos e outras nações ocidentais para desenvolver uma nova ferramenta que permitiria aos países mais ricos transferir seus direitos especiais de saque (SDRs, na sigla em inglês) do FMI para Kiev.
Para complicar ainda mais a crise, há o pesado fardo da dívida da Ucrânia, que totalizou US$ 94,7 bilhões no final de 2021, incluindo empréstimos de instituições multilaterais como o FMI e credores bilaterais, privados e domésticos.
Mas o Departamento do Tesouro dos EUA e o FMI podem tomar várias medidas para aliviar a dívida da Ucrânia e evitar uma crise de pagamentos, disse Eric LeCompte, diretor executivo da Jubilee USA Network, à Reuters.
O Tesouro pode buscar autorização do Congresso para congelar os US$ 2 milhões em pagamentos que a Ucrânia deve aos Estados Unidos neste ano como parte de sua dívida bilateral de US$ 790 milhões, disse ele.
O presidente norte-americano, Joe Biden, também pode emitir um decreto adiando o pagamento de dívidas a credores privados localizados nos Estados Unidos, disse ele, citando uma medida semelhante adotada pelo ex-presidente George W. Bush durante a guerra do Iraque, em 2004-2005.
Os títulos ucranianos denominados em dólares, que foram emitidos como parte de uma reestruturação da dívida de 2015, estão sendo negociados em território profundamente estressado de cerca de 25 centavos de dólar.