Turismo auxilia recuperação econômica mais rápida no Nordeste, diz BC
De acordo com boxes do Boletim Regional do Banco Central a região apresenta a maior recuperação do consumo de serviços às famílias em relação ao patamar pré-pandemia
Após a recessão econômica em 2020, a desigualdade entre as regiões do país continua sendo evidenciada quanto analisada a recuperação da economia local entre as diferentes regiões do país.
De acordo com boxes do Boletim Regional do Banco Central, divulgados nesta terça-feira (23), o Nordeste é a região com maior recuperação do consumo de serviços às famílias em relação ao patamar pré-pandemia.
“O impacto da pandemia de Covid-19 sobre o consumo de bens e serviços foi diferenciado entre as regiões, refletindo as diferenças de renda, padrões de consumo e, possivelmente, as medidas compensatórias adotadas pelo governo, em especial o AE (auxílio emergencial)”, diz o Box Consumo regional de bens e serviços na pandemia.
A autoridade monetária explica que isso é justificado, principalmente, pela retomada do setor de turismo, que tem forte participação no emprego formal da região Nordeste, em ritmo mais intenso do que o observado nas outras regiões.
Dados avaliados pelo BC mostram que os últimos três meses, o turismo está 0,4% e 23,7% abaixo do nível pré-pandemia, respectivamente, no Nordeste e Sudeste.
Entre os principais destinos na região, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram melhora mais acentuada de voos comerciais para destinos como Porto Seguro, Ilhéus e Fernando de Noronha.
Quando analisada a participação das atividades turísticas no emprego formal em relação ao total de empregos na região, o Nordeste se destaca com 2,4%, seguido das regiões Norte e Centro-Oeste, cada uma com 1,9%. Nas regiões Sudeste e Sul, o setor representa 1,7% e 1,6%, respectivamente.
“O total de pagamentos feitos ao setor hoteleiro através de cartões de crédito e débito, revela recuperação em todas as regiões e mais acelerada no Nordeste, região que, desde junho, superou o patamar de 2019 em valores nominais”, completa o BC.
Características
Ainda na avaliação do BC, o detalhamento dos dados do setor hoteleiro por porte de cidade mostra uma recuperação mais acentuada em municípios com até 250 mil habitantes.
“Tal fato sugere que o turismo de lazer tem sido preponderante na retomada do setor, enquanto o turismo de negócios, que geralmente ocorre em capitais e cidades maiores, ainda sofre os efeitos das mudanças de comportamento das empresas decorrentes da pandemia”, comenta.
Segundo a autoridade monetária, a informação ainda é compatível com a hipótese de que as pessoas têm procurado destinos com atrações em espaços abertos, como praias em cidades menores, no lugar de locais com atividades em ambientes fechados ou aglomerados.
“O turismo está sendo um dos últimos setores a se recuperar, na medida em que é fortemente dependente do contato social. Condicionado ao não agravamento da pandemia, o crescimento verificado nos meses mais recentes deve continuar, em linha com o avanço da vacinação, com impactos relevantes no emprego. Regionalmente, o Nordeste está mais avançado no processo”, destaca.
Consumo das famílias
Para o BC, a normalização dos serviços às famílias no Sul e, principalmente, no Sudeste, pode representar impulso importante para o consumo das famílias no último trimestre do ano. Isso, no entanto, depende do poder de compra da população em nível necessário para tal aumento do consumo de serviços, sem desvio da aquisição de bens.
“Os efeitos já verificados da vacinação na atenuação da crise sanitária favorecem a volta à normalidade de atividades que dependem de maior interação social, contribuindo para a manutenção da retomada do setor de serviços às famílias no Nordeste e para o aumento do consumo desses serviços nas regiões Sudeste e Sul”, observa.