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    Trump reduz cota de importação de aço do Brasil em mais de 80%

    A cota prevista para o quarto trimestre era de 350 mil toneladas, mas foi reduzida para 60 mil toneladas, ou seja, 17% do total inicial

    Raquel Landimda CNN

    Os Estados Unidos informaram que vão reduzir as cotas de importação de aço do Brasil no quarto trimestre, mas não divulgaram o percentual. Segundo apurou a CNN, o corte chega a 83%.

    A cota prevista para o quarto trimestre era de 350 mil toneladas, mas foi reduzida para 60 mil toneladas, ou seja, 17% do total inicial. E, mesmo esse volume, só será embarcado com autorização prévia.

    As cotas permitem aos produtores brasileiros vender para os Estados Unidos com isenção de tarifa dentro de um determinado volume. Desde 2018, as tarifas de importação de aço e alumínio dos EUA  foram elevadas para 25% à revelia das regras da Organização Mundial de Comércio (OMC).

    Segundo duas fontes próximas à negociação, o Brasil “não teve opção”e “ficou entre a cruz e a calderinha”. As pressões começaram em junho, quando o representante comercial americano Robert Lighthizer telefonou para o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

    Ele solicitou que o Brasil restringisse voluntariamente as vendas para os Estados Unidos porque a pandemia do novo coronavírus havia reduzido a demanda por aço, prejudicando as siderúrgicas americanas. Depois de consultar o setor privado, Araújo respondeu que os contratos já estavam fechados para o terceiro trimestre.

    Os americanos voltaram à carga cerca de duas semanas atrás e disseram que retomariam as tarifas de importação de 25% para as compras de aço a partir de outubro. Os brasileiros, então, conseguiram negociar a redução de 83% na cota prevista para o quarto trimestre.

    Também ficou acertado que, a partir de dezembro, os dois lados voltam a  conversar sobre a regularização das cotas a partir de 2021. O setor siderúrgico brasileiro pretende também tentar compensar as 290 mil toneladas que não serão exportadas dentro da cota neste ano.

    Entre representantes do setor privado e funcionários do governo brasileiro, a agressividade dos americanos está sendo atribuída não só à queda na demanda interna, mas também à proximidade das eleições presidenciais.

    Os Estados Unidos escolhem seu novo presidente em novembro e o atual mandatário, Donald Trump, é candidato à reeleição pelo Partido Republicano. O setor siderúrgico é um importante apoiador dos republicanos. Trump também é adepto da retórica de proteção dos empregos americanos contra os produtos estrangeiros.

    De acordo com fontes envolvidas nas conversas, a postura dos americanos só não foi pior por causa da proximidade de Trump com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. No sábado à noite, o ministério da Economia e do Itamaraty soltaram uma nota cuidadosa sobre o assunto.

    “O governo brasileiro mantém a firme expectativa de que a recuperação do setor siderúrgico dos EUA, o diálogo franco e construtivo na matéria, a ser retomado em dezembro próximo, e a excepcional qualidade das relações bilaterais permitirão o pleno restabelecimento e mesmo a elevação dos níveis de comércio de aço semi-acabado”, diz a nota.

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