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    Total de brasileiros vivendo em más condições cai pela metade em uma década, diz IBGE

    Nova pesquisa analisa os níveis de pobreza a partir de indicadores sociais não ligados à renda, como condições de moradia e de acesso a serviços básicos

    Juliana EliasGuilherme Gamada CNN , São Paulo

    A proporção de brasileiros vivendo em condições de vulnerabilidade ligadas à pobreza caiu pela metade em uma década, de acordo com um novo estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta sexta-feira (25).

    No biênio de 2008 e 2009, 44,2% da população vivia com restrições graves de acesso a serviços e estruturas básicas de moradia, educação ou transporte, entre outros.

    Em 2017 e 2018, essa proporção havia caído para 22,3%, de acordo com o IBGE.

    Os dados fazem parte dos Indicadores não Monetários de Pobreza e Qualidade de Vida, medidas recém-criadas pelo IBGE para avaliar as condições de pobreza da população não ligadas à renda, e por isso “não monetários”.

    A ideia, de acordo com o instituto, é que, embora dê uma sinalização importante, só o nível de renda não é o suficiente para mensurar as condições reais e mais estruturais de vida das pessoas.

    Por um determinado período, por exemplo, os ganhos de uma família podem ficar maiores, mas as restrições sociais e más condições em que vive podem não passar por mudanças estruturais significativas por conta disso.

    É o é chamado de “abordagem multidimensional da pobreza”.

    Para chegar ao total de pessoas com algum grau de vulnerabilidade e de pobreza sob essa ótica multidimensional, o IBGE avaliou cerca de 50 indicadores sociais divididos em seis grandes dimensões:

    • moradia (se a moradia tem parede, chão, telhas adequadas ou não está em área de risco)
    • serviços de utilidade pública (se a moradia tem fornecimento de água, luz, coleta de esgoto ou coleta de lixo)
    • saúde e alimentação (se a família tem acesso e pode arcar com medicamento e comida)
    • educação (verifica o grau de escolaridade de todas as pessoas que moram no local)
    • serviços financeiros e padrão de vida (se as pessoas ou a moradia tem conta em banco, fogão, geladeira, computador e outros utensílios)
    • transporte e lazer (avaliação da duração das jornadas de trabalho e do acesso e tempo gasto em transporte)

    Todos esses dados já são levantados pelo próprio IBGE na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), feita uma vez por década pelo instituto, averiguando detalhes sobre a renda e consumo dos domicílios e famílias do Brasil.

    Para chegar aos novos indicadores não monetários, o IBGE cruzou os dados da POF referente ao período de 2008 e 2009 com a de 2017 e 2018.

    “Diferentes aspectos são observados quando estamos falando de privações da qualidade de vida. Por exemplo, observa-se se uma família tem um banheiro exclusivo. Se ela não tem, isso é contabilizado”, explica o pesquisador do IBGE Leonardo Santos de Oliveira.

    “Observa-se se há pouco espaço no domicílio, se existe violência na área onde se vive. Uma pessoa pode estar privada na educação e na saúde, outra pessoa pode estar privada na educação, na saúde e na moradia de forma muito intensa. Para ela ser considerada multidimensionalmente pobre, ela precisa estar privada em diferentes dimensões. E é isso que o índice irá representar.”

    O IBGE alerta, entretanto, que os novos indicadores ainda estão sendo feitos de maneira experimental e podem conter imprecisões.

    Norte e Nordeste

    No Norte e no Nordeste do país, em 2008-2009, as parcelas da população na pobreza eram 73,3% e 69,2%, respectivamente. Já em 2017-2018, a proporção das pessoas com algum grau de pobreza caiu para 43,8% (-29,5 p.p.) na região Norte e para 38,2% (-31 p.p.) no Nordeste.

    De acordo com Oliveira, as reduções da proporção da pobreza nessas regiões foram importantes, pois encurtaram sua a distância para a média do Brasil e para as demais regiões.

    “Apesar de a pobreza ainda estar concentrada no Norte e no Nordeste, seus estados estão se aproximando das condições de outras áreas do país”, completa.

    Áreas urbanas e rurais

    Na área urbana, 17,3% da população que tinha algum grau de pobreza multidimensional, na edição mais recente da pesquisa, um percentual bem menor que os 37,3% registrados no período 2008-2009.

    Já na área rural, mais da metade das pessoas (51,1%) apresentaram algum grau de pobreza multidimensional na edição última edição da POF, percentual considerado muito elevado, mas cerca de 27 p.p. menor que em 2008-2009, quando a proporção desta população era de 77,8%.

    Melhora nos indicadores

    A partir dos dados, o estudo criou três índices. Todos eles avaliam com metodologias e pesos próprios as diferentes dimensões sociais consideradas. São eles:

    • Índice de Pobreza Multidimensional não Monetário (IPM-NM),
    • Índice de Vulnerabilidade Multidimensional não Monetário (IVM-NM)
    • Índice de Pobreza Multidimensional não Monetário com Componente Relativo (IPM-CR).

    Os índices são medidos em pontos e os três apontam melhoras ao longo da década considerada.

    O IPM-NM que caiu de 6,7 em 2008-2009 para 2,3 em 2017-2018, o que representa uma queda de 65% na pontuação.

    O IVM-NM caiu de 14,5 para 7,7, recuo de 47%, enquanto o IPM-CR saiu de 15 para 12 pontos, numa redução de 20% entre 2008 e 2018.

    Veja também: IPCA-15 sobe 0,28% em agosto, diz IBGE

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