Tamanho da riqueza de Putin é incerto, mas pode ultrapassar US$ 200 bilhões
Embora se acredite que Putin detenha bilhões de dólares em riqueza pessoal, pouco se sabe sobre a quantia exata ou onde ela possa estar
Os Estados Unidos e seus aliados europeus anunciaram na sexta-feira (25) novas sanções ao presidente russo, Vladimir Putin, em um raro movimento visando a riqueza pessoal de um líder estrangeiro.
Mas o impacto dessas sanções pode ser amplamente simbólico. Embora se acredite que Putin detenha bilhões de dólares em riqueza pessoal, pouco se sabe sobre a quantia exata ou onde ela possa estar.
Putin não deixou quase nenhum rastro em papel para seus ativos – principalmente propriedades – que estão escondidos atrás de esquemas financeiros complexos organizados por seus confidentes, de acordo com um relatório de 2016, “Panama Papers”, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.
Entre os luxos ligados aos amigos e familiares de Putin, mas nunca diretamente a ele, estão um megaiate de US$ 100 milhões e um palácio do Mar Negro supostamente construído para uso pessoal do presidente.
No papel, o líder russo parece um humilde burocrata. Em 2018, Putin apresentou uma declaração de renda oficial que mostra que ele possui um apartamento de 74 metros quadrados em São Petersburgo, junto a dois carros da era soviética e um caminhão off-road.
O Kremlin diz que sua renda anual é de cerca de US$ 140 mil – um valor não tão modesto na Rússia, embora que dificilmente poderia manter Putin ostentando vários relógios de luxo.
“A coleção de relógios visível de Putin vale múltiplos de seu salário oficial”, disse Bill Browder, um investidor na Rússia que se tornou um crítico feroz do presidente, à CNN em 2018. “A riqueza veio como resultado de extorsão e roubo maciço de fundos estatais”.
Estimativa de US$ 200 bilhões
Browder testemunhou perante o Senado dos EUA, em 2017, que estima que a riqueza do líder russo gira em torno de US$ 200 bilhões em ativos, o que o tornaria uma das pessoas mais ricas do planeta.
Uma teoria sobre a riqueza de Putin sugere que ele armou forças contra os oligarcas russos, ameaçando-os de prisão ou coisa pior, a menos que lhe dessem dinheiro ou participações em suas empresas.
Ainda assim, rastrear sua riqueza provou ser quase impossível. A revista Forbes, que considera investigar a sorte pessoal da elite mundial como parte de sua missão principal, disse que descobrir o patrimônio líquido de Putin é “provavelmente o enigma mais evasivo na caça à riqueza”.
Mas só porque o público em geral não tem uma boa noção de onde os ativos de Putin estão escondidos “podemos supor que as agências de inteligência dos EUA e da União Europeia (UE) e agências de aplicação da lei estão rastreando seus ativos há anos”, disse Ross S. Delston, um especialista em lavagem de dinheiro.
“Se o governo dos EUA, junto à UE, levasse à sério a busca de seus ativos, haveria muitos alvos a serem atingidos”, diz Delston. “Eles estariam em todo o mundo… certamente dentro dos limites da própria UE e dos EUA.”
Mas o congelamento dos bens de Putin o impediria de continuar o ataque à Ucrânia? Quase certamente não.
“Não estamos falando em parar nada”, diz Delston. “Estamos falando em puni-lo”.
O que não quer dizer que as sanções sejam inúteis. Elas podem prejudicar a fortuna total de Putin, mas também minam sua credibilidade no cenário mundial.
Ao enfatizar o quão raro é para os Estados Unidos atingir pessoalmente um chefe de Estado com sanções, o Departamento do Tesouro dos EUA disse que “o presidente Putin se junta a um grupo muito pequeno que inclui déspotas como Kim Jong Un, Alyaksandr Lukashenko e Bashar al- Assad”.
Além disso, disse Delston, o impacto real das sanções não será indolor para Putin.
“Pessoas de alta renda tendem a se apegar aos seus ativos, mesmo que tenham muito em reserva”, finalizou.
Ivana Kottasová, da CNN, contribuiu para este artigo