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    Suspensão do consignado abre crise no governo e na base

    Fontes do Ministério da Previdência relataram à CNN que o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda não só sabiam como apoiaram a decisão do Conselho Nacional da Previdência Social de reduzir a taxa de juros para o crédito consignado a aposentados e pensionistas

    Caio Junqueirada CNN , São Paulo

    A suspensão do crédito consignado pelos bancos públicos nesta quinta-feira (16) abriu uma crise interna entre ministérios e na relação do governo com sua base aliada.

    Fontes do Ministério da Previdência relataram à CNN que o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda não só sabiam como apoiaram a decisão do Conselho Nacional da Previdência Social de reduzir a taxa de juros para o crédito consignado a aposentados e pensionistas.

    A decisão sobre o consignado era vista por mais de um interlocutor de Lula como uma forma de pressionar o Banco Central a reduzir a taxa de juros na reunião do
    Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem.

    Um print da decisão colocado nas redes sociais da Casa Civil é apresentado como uma demonstração de que o Planalto comemorou a medida.

    Procurado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não se manifestou.

    Já interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, asseguraram à CNN que a decisão foi tomada sem a autorização da equipe econômica.

    Na Previdência, muito embora tenha havido reação negativa quanto a suspensão do serviço por parte dos bancos privados, a avaliação é que o movimento era esperado.

    A surpresa foi com o fato de os bancos públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, terem também aderido à suspensão.

    A nota conjunta das centrais sindicais — base histórica e relevante do governo Lula e do PT —, deu o sinal da reação. Eles classificaram a medida de “chantagem” e cobram especificamente o Banco do Brasil e a Caixa para que garantam as linhas de crédito para os aposentados e pensionistas que precisarem com as novas taxas em vigência.

    “É necessário que o Estado assuma sua responsabilidade social e garanta o acesso para aposentados e pensionistas. E não ceda aos melindres de um grupo de bancos que não aceitam diminuir seus lucros em tempos tão difíceis para o povo brasileiro”, diz a nota das centrais.

    O movimento tem apoio informal do Ministério do Trabalho e da Previdência, comandados por ministros diretamente ligados ao movimento sindical, Luiz Marinho (PT) e Carlos Lupi (PDT).

    Nesta sexta-feira (17) pela manhã, as centrais se reuniram e decidiram levar diretamente a Lula e a Haddad a cobrança, bem como aos comandos dos dois bancos. Contatos já foram feitos tanto com o Planalto quanto com a Fazenda.

    “O que defendemos é que Banco do Brasil e a Caixa continuem fazendo o consignado nessas novas taxas para forçar os bancos privados a fazerem. Se há um problema político entre os ministérios é problema deles. Vamos fazer esforço agora à tarde e falar com governo. É um tiro no pé”, disse à CNN o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

    Há expectativa de que a medida seja revista. Oficialmente, o Banco do Brasil informou que “realiza estudos de viabilidade técnica sobre as novas condições de operações de crédito aprovadas sobre o consignado no convênio com o INSS” e que “tão logo haja novidades sobre a retomada das contratações no âmbito do convênio, informaremos”.

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