S&P melhora perspectiva da nota do Brasil pela 1ª vez desde 2019
Segundo analistas, apesar do país ainda apresentar grandes déficits fiscais, crescimento contínuo do PIB e organização da política fiscal "podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo"
O S&P Global Ratings melhorou a perspectiva da nota do Brasil pela primeira vez desde 2019, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (14).
A atualização mudou a classificação do país de “estável” para “positiva”, informou a agência.
Segundo os analistas, apesar do país ainda apresentar grandes déficits fiscais, o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e a organização da política fiscal “podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo do que o inicialmente esperado”.
“Revisamos nossa perspectiva para o Brasil de estável para positiva e reafirmamos nossos ratings de crédito soberano ‘BB-/B'”, informou o grupo.
“Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida”.
A agência de classificação afirmou que as perspectivas de crescimento da economia brasileira podem ser beneficiadas pelos sinais de maior certeza sobre as políticas fiscais e monetárias.
O Brasil surpreendeu os analistas ao mostrar crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre, em comparação ao período imediatamente anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados no início do mês.
O resultado acima do esperado e as recentes indicações de que o Banco Central (BC) pode antecipar o corte dos juros levaram a uma série de revisões para cima do desempenho da economia doméstica neste ano.
Agora, bancos, corretoras e consultorias projetam alta do PIB acima de 2%, mesma direção apontada pelo Ministério da Fazenda.
Até a pandemia, quando as economias brasileira e global passaram por oscilações muito fortes, a última vez em que o Brasil cresceu mais de 2% foi há uma década, em 2013, quando o PIB do país avançou 3%.
“O crescimento contínuo do PIB somado ao quadro emergente para a política fiscal pode resultar em uma carga de dívida pública menor do que o esperado, o que pode apoiar a flexibilidade monetária e sustentar a posição externa líquida do país”, informou o S&P.
“Tais desenvolvimentos reforçariam nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil, com formulação de políticas estável baseada em amplos freios e contrapesos entre os poderes executivo, legislativo e judiciário do governo”.