Solução de crise na Argentina passa por estratégia de crescimento, diz economista
À CNN Rádio, Fernando Ribeiro Leite afirmou que desbalanço entre aliviar pobreza e controle fiscal agrava crise econômica argentina


A crise da Argentina, que já atinge o patamar de mais de 60% de inflação, é agravada por dois pontos, um governamental e outro do ponto de vista macroeconômico, segundo o economista e professor do Insper Fernando Ribeiro Leite.
Em entrevista à CNN Rádio, ele destaca que o país tem histórico de recorrência de crises macroeconômicas. “Desta vez, há o lado do governo, com Christina Kirchner ganhando força com a troca do ministro da Economia.”
“Ela é pautada pelo peronismo, tem essa questão, para o bem ou para o mal, do assistencialismo, o que faz sentido diante da porcentagem de 40% da população na linha da pobreza, com alto desemprego.”
Ao mesmo tempo, há a inflação, “que caminha segundo expectativas em torno de 75%”: “Isso traz um dilema que é aumentar os gastos públicos para aliviar a pobreza a curto prazo, mas, de outro lado, fazer frente às condicionalidades do acordo com o FMI, que busca controle fiscal.”
“Eu diria que [a solução] passa por um desenho de curto e médio prazo”, avalia.
O economista considera importante aliviar a pobreza: “Tem que abrir gastos públicos, há agenda urgente necessária e quase humanitária, mas não pode aliviar a pobreza às custas da sua credibilidade internacional.”
“Isso passa por sinalização de ajuste de curto prazo e planejamento de longo prazo de retomar a rota e estratégia de crescimento econômico”, completou.
Segundo Fernando, o contexto da crise da Argentina é ruim para todos, “especialmente para nós, de renda média da América Latina”, com o contexto de elevação de juros dos Estados Unidos, surto inflacionário e impacto direto nas commodities.
*Com produção de Isabel Campos