Sociedade com banco asiático deve elevar investimentos em infraestrutura no país
Governo vem buscando viabilizar investimentos em infraestrutura por programa de concessões e privatizações, e tenta atrair parceiros do setor privado e investidores estrangeiros
Em meio a apostas do governo Bolsonaro no crescimento econômico via investimentos do setor privado, o acordo constitutivo do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) pode representar uma nova fonte para fomentar o desenvolvimento de projetos de infraestrutura.
O presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), Sérgio Gusmão Suchodolski, acredita que a efetivação do Brasil como sócio do AIIB abre uma fonte de financiamento ao desenvolvimento sustentável no país, complementando as fontes nacionais.
“É um avanço bastante relevante, porque ao participar do conselho do banco, o Brasil pode participar de processos de licitação e contratação e, assim, mobilizar recursos para o seu desenvolvimento e ter uma voz no sentido de ajudar a direcionar a estratégia e atuação do AIIB no nosso país”, destacou Suchodolski em entrevista à CNN.
O acordo de adesão foi promulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Diário Oficial da União na última sexta-feira (17). O país integralizou US$ 1 milhão no capital do banco.
Na avaliação do presidente da ABDE, tal sociedade também é um salto qualitativo do ponto de vista da inserção internacional do país. Ele lembrou que o Brasil já participa do conselho de outros bancos de desenvolvimento, como o banco dos Brics, mas que o capital do banco asiático, de US$ 100 bilhões, é, pelo menos, o dobro do citado anteriormente.
O governo também vem buscando viabilizar investimentos em infraestrutura por meio de um programa de concessões e privatizações, e tenta atrair parceiros do setor privado e investidores estrangeiros.
Isso faz parte da estratégia de política econômica de mudar a base de financiamento de obras e do desenvolvimento da infraestrutura brasileira, uma vez que nos últimos anos o orçamento público tem ficado cada vez mais estrangulado por despesas obrigatórias.
Projetos regionais
Além de projetos federais, a entrada do Brasil no AIIB também contribuirá para o desenvolvimento da infraestrutura de estados. O primeiro projeto que deve se beneficiar da nova sociedade deve ser uma parceria com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
De acordo com Suchodolski, que também preside o BDMG, a operação, que vai captar US$ 100 milhões para aplicar em diversos projetos, deve acontecer ainda este ano.
“Poderemos aplicar, entre dois anos, em centenas de projetos de áreas variadas, como logística, energia renovável, saneamento, mineração sustentável, agricultura sustentável, e outras”, explicou.
Além do BDMG, outros dois candidatos aos financiamentos do AIIB estão com projetos avançados no Brasil. Para se beneficiar do acordo, é preciso haver uma conectividade entre o projeto e algum país Asiático. No entanto, Suchodolski ressalta que tal conectividade é flexível.
“Muitos projetos nossos têm conectividade com a Ásia, seja por ser consumidora dos produtos finais ou por relação comercial. Por exemplo, a conexão pode ser via insumos asiáticos utilizados no projeto, importação de maquinários. […] Identificamos mais de 30 mil clientes potenciais com alguma conectividade com algum país asiático só em MG. Então, entendo que haverá muitos parceiros que poderão mobilizar esses recursos”, completou.