Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Setor vê linha interestadual Brasília-Goiás à frente em plano de trens de passageiros do governo

    Senadores reforçaram demanda por projeto em reunião com Lula, que deu sinal verde

    Danilo Moliternoda CNN , São Paulo

    Dentre os trechos estudados pelo governo para seu plano de trens de passageiros, a ligação interestadual entre Brasília (DF) e Luziânia (GO) aparece à frente em termos de viabilidade, de acordo com Roberta Marchesi, diretora-executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).

    A opção para a ligação do chamado Entorno do Distrito Federal com Brasília é demanda antiga das regiões. O projeto foi desejo dos primeiros governos de Lula e chegou a ter estudos técnicos na gestão de Dilma Rousseff.

    A CNN apurou que os senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF) levaram a demanda a Lula em dezembro, e o presidente deu sinal verde para o projeto — que já estava no radar do Ministério dos Transportes.

    Um dos diferenciais da ligação é que há trechos que já contam com trilhos, o que poderia diminuir o custo do projeto. O governo mira ferrovias já existentes, mas subutilizadas ou em estado precário de manutenção para suas futuras linhas de passageiros.

    Diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella destaca, em consulta sobre o tema, que projetos de trem de passageiros dificilmente superam os estudos sobre demanda pelo transporte. Isso porque normalmente não são sustentados apenas por tarifas e dependem de subsídios.

    Os estudos — além da viabilidade — definem os detalhes do projeto. Estima-se que a ligação teria 60 km. Cerca de 10 mil moradores de Luziânia trabalham no Distrito Federal e fazem esse deslocamento cotidianamente, segundo dados da última Pesquisa Metropolitana por Amostra de Domicílios (Pmad).

    De acordo com Marchesi, outro trecho que “ganha contornos políticos” e pode ir à frente é o trecho entre Salvador e Feira de Santana. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), fez menções a estudos para o projeto ao longo de 2023.

    “Precisamos conectar capitais, polos de desenvolvimento econômico e regiões metropolitanas. A implantação de novas linhas contribuirá com o crescimento econômico e social, com a instalação de empreendimentos e geração de empregos ao longo do seu percurso”

    Roberta Marchesi, diretora-executiva da ANPTrilhos

    Os sete projetos que estão no radar do governo totalizariam 740 km em trilhos para transporte de passageiros:

    • Brasília (DF) a Luziânia (GO)
    • Maringá a Londrina (PR)
    • Pelotas a Rio Grande (RS)
    • Duque de Caxias-Itaboraí a Niterói (RJ)
    • Salvador a Feira de Santana (BA)
    • Fortaleza a Sobral (CE)
    • São Luís a Itapecuru Mirim (MA)

    Plano para trens de passageiros

    O Ministério dos Transportes recebeu 246 contribuições em consulta pública, finalizada neste mês, sobre um decreto para estabelecer uma Política de Transporte de Passageiro. A tendência é de que agora o decreto seja encaminhado para a Casa Civil, para então ser publicado.

    A pasta vê a regulamentação como um passo relevante para que o governo possa divulgar seu Plano Nacional de Ferrovias, com um pipeline de projetos.

    O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal programa de investimentos do governo Lula 3, traz projetos para o setor. Entre eles está o trem de passageiros que ligará a capital paulista a Campinas.

    Trechos ociosos

    Além da política de passageiros, o Ministério dos Transportes atua em outras frentes para o “arcabouço” de normas de ferrovias do país. Outro dos tópicos que estão no radar é a regulamentação de devolução de trechos ferroviários que estejam ociosos.

    Representantes das pastas dos Transportes e da Gestão e Inovação assinaram em outubro um acordo de cooperação técnica para definir responsabilidades neste processo.

    Segundo a auditoria do TCU, em 2020 a malha ferroviária federal contava com 29,8 mil km de trilhos. Cerca de 7 mil km de ferrovias concedidas (24% da malha) não apresentam qualquer fluxo de transporte, e 18,5 mil km (64%) se encontravam ociosos — ou seja, são utilizados menos de 30% da capacidade instalada.

    Tópicos