Setor têxtil relata dificuldades para obter matéria-prima para produção
Segundo Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), entre os motivos estão a logística e o aumento dos preços internacionais; roupas já apresentam mais de 10% de alta em 2022
Cerca de 65% dos produtores de têxtil, confecção, fornecedores ou tecelagem do Brasil relatam alguma dificuldade no abastecimento de insumos e matérias-primas como tecidos, fibras artificiais e sintéticas, ou algodão.
De acordo com o levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor tem sofrido pressões no custo de produção por conta da logística, transporte e aumento dos preços internacionais.
Pelo menos 19% dos fabricantes perceberam uma variação de 21% a 30% nos preços das matérias-primas nos últimos 12 meses. Além da alta do custo para produzir, alguns dos entrevistados afirmaram que há, inclusive, falta de alguns itens importantes para a confecção.
“Registramos um aumento do algodão que estava fora do nosso radar, de 150% nos últimos dois anos. E ainda tem o frete, que subiu sete vezes desde o início da pandemia”, afirma presidente da Abit, Fernando Pimentel.
Na análise do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o vestuário foi o segundo setor que teve o maior aumento nos preços no acumulado dos últimos 12 meses, ficando atrás apenas do grupo de transporte.
A última variação mensal do IPCA apontou que as roupas tiveram alta de 1,97%, com destaque para os agasalhos, que superaram os 3%. Apenas peças íntimas registraram retração.
Desde o início do ano, o subgrupo já acumulou mais de 10% de alta. Na análise acumulada dos últimos 12 meses, o aumento das roupas é de 18,33%.
Para Pimentel não há risco de desabastecimento de produtos, o que tem sido constatado é apenas um alongamento dos prazos de reposição. No entanto, segundo ele, o custo ainda não chegou integralmente nas lojas e tem sido parcialmente absorvido pelos empresários.
“Não tem como repassar tudo porque se não o mercado não gira. E o produtor pesquisa, procura as melhores opções. Parte a gente repassa, mas não é tudo”, ressalta.