Setor bancário está preocupado com cenário de bets, diz presidente da Febraban
Em entrevista ao CNN Brasil Money, Isaac Sidney afirma que valor retido junto as casas de apostas e retirados do orçamento das famílias é estimado em R$ 35 bilhões
O setor bancário está preocupado com o impacto das bets no endividamento das famílias, disse Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta terça-feira (5) ao CNN Brasil Money.
Segundo ele, o gasto de apostadores compromete a renda, aumentando as variáveis nas análises de risco de crédito e inadimplência.
“Nós realmente estamos bastante preocupados e até alarmados com dados divulgados pelo Banco Central que nos informaram que por ano as casas de apostas estão recebendo fluxo de caixa entre R$ 200 bilhões e R$ 250 bilhões, com algo em torno de 15% simplesmente não retornando aos apostadores.”
Segundo o presidente, esse valor retido indica um montante estimado de R$ 35 bilhões retirados do orçamento das famílias.
“Os valores retidos, por exemplo, se não voltarem de alguma forma ao apostador pode se converter em inadimplência, algo na casa de 27% a mais dentro no setor bancário, risco que não podemos desprezar”, disse.
Procurada pela CNN, o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IJBR), entidade que representa 75% do mercado brasileiro de apostas online, afirma que apoia análises mais profundas e tecnicamente embasadas sobre os impactos das bets na economia.
“O Instituto também ressalta que a legislação é clara sobre a obrigação de que 85% dos valores das apostas sejam destinados aos vencedores. A regulamentação já reforça essa proteção aos apostadores e deixa clara, como o IBJR também defende, a necessidade de combate às empresas ilegais e que atuam fora destas regras”, afirma em nota.
Já a Associação Brasileira de Apostas Esportivas (Abasp) não respondeu o pedido de comentário até a publicação da reportagem.