Será difícil para o brasileiro acompanhar otimismo do FMI, diz economista
À CNN Rádio, Juliana Inhasz avalia que perspectiva de crescimento de 0,8% é baixa para um país como o Brasil
A melhora da perspectiva de crescimento de 0,3% para 0,8% do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil não vai ser sentido pela população, de acordo com a professora de economia do Insper, Juliana Inhasz.
Em entrevista à CNN Rádio, ela explicou que a visão otimista não se traduz para o brasileiro que vive o dia a dia da economia, que trabalha e paga impostos.
“Isso não fica evidente. O FMI leva em consideração o chamado novo ciclo de commodities, que, mais caras, favorecem o Brasil, produtor delas. Mas, no geral, isso deve ser pouco perceptível, ainda mais para quem paga impostos numa fração alta da renda, com inflação diminuindo a comida na mesa”, avaliou.
Ao mesmo tempo, a economista concorda com o FMI que o ano de 2022 “não será fácil” para o Brasil e que 2023 será “mais desafiador.”
“A taxa de crescimento de 0,8% é baixa para um país que deveria estar se recuperando com mais força no pós-pandemia. Para chegar nesse número, o Brasil fez uma série de ajustes econômicos, como a alta da taxa de juros para tentar conter a inflação.”
No entanto, Juliana destaca que “o preço dessa política de hoje é salgado e vamos pagá-lo por algum tempo.”
“O efeito colateral gerado é bem difícil de se engolir. No ano que vem e nos próximos, teremos uma economia com freio puxado, com dificuldade de nível de crescimento, mas também com taxa de juros alta, o que piora o consumo das pessoas e evitar um impulso maior sobre a produção”, completou.
Mesmo assim, o FMI está bem mais pessimista do que o Ministério da Economia, que projeta que a economia brasileira irá crescer 1,5% este ano, chegando a 2,5% em 2023.