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    Sanções à Rússia vão impactar resto do mundo, diz ex-diretor do Banco Mundial

    Carlos Braga acredita que medidas impostas são devastadoras para a economia russa, mas só surtirão o efeito necessário se "doerem" também no resto do mundo

    Produzido por Elis Francoda CNN em São Paulo

    Em entrevista à CNN Brasil nesta quarta-feira (2), o ex-diretor do Banco Mundial Carlos Braga afirmou que “seria ingenuo acreditar que não haveria externalidades para os países que impõem sanções à Rússia e para o resto do mundo”.

    Segundo ele, o tipo de sanções que estão sendo impostas são devastadoras para a economia russa, mas só surtirão o efeito necessário se “doerem” também nos outros países, principalmente na Europa.

    “Putin calculou equivocadamente sobre como o Ocidente e o Japão iriam reagir à invasão da Ucrânia. É verdade que a Rússia tem se preparado para isso desde 2014, quando anexou a Crimeia e invadiu o Leste da Ucrânia, mas ainda assim as ações vão ter custos significativos para eles. São sanções devastadoras”, afirmou.

    Braga destacou o congelamento dos ativos do Banco Central russo entre as medidas mais impactantes até o momento, citando o aumento da taxa de juros de 9,25% para 20%.

    “A Rússia acumulou cerca de 630 bilhões de dólares de reservas internacionais nos últimos anos exatamente para se preparar contra eventuais sanções, mas à medida que EUA, UE e vários outros países impõem sanções que afetam o acesso às reservas internacionais, isso diminui o poder de fogo do BC russo”, analisou.

    O ex-diretor do Banco Mundial também comentou que as medidas do lado russo podem impactar diretamente os outros países, em especial a União Europeia, que corre o risco de entrar em recessão sem a parte da qual depende para o fornecimento de gás natural.

    “O BCE estima que se a Rússia cortar 10% das exportações de gás natural para a Europa, isso vai causar uma queda de quase 1% no PIB da UE, e se cortar completamente os 40% da qual ela depende da Rússia, causaria uma queda na ordem de 3%. Isso levaria a União Europeia e consequentemente o mundo todo a uma recessão”, afirmou.

    Carlos Braga disse acreditar que, a partir deste momento, haverá um debate mais intenso sobre a dependência do mundo de países com governos com viés autoritário, algo que já vinha sendo feito desde o início da pandemia.

    “Certamente esse debate entre eficiência e resiliência vai ganhar novas proporções”, completou.

     

    Texto publicado por Fabricio Julião 

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