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    Saiba o que são fazendas marinhas e como elas impactam a aquicultura no Brasil

    Produção em águas marinhas podem ajudar a suprir a demanda crescente de pescados no mundo

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O governo federal anunciou, na quarta-feira (12), a concessão de águas da União para a prática da atividade pesqueira e o fomento à aquicultura no Brasil.

    Entre os acordos anunciados está a instalação da primeira piscicultura marinha do país pela empresa Forever Oceans, que contará com investimento internacional para criação de peixes na costa de Ilhéus, na Bahia.

    Para a concretização do projeto, o Ministério da Economia cederá ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) duas áreas de água salgada da União, localizadas no mar costeiro da cidade baiana.

    “O projeto pioneiro que será implantado no local prevê a produção de oito mil toneladas por ano e geração de 91 empregos diretos em cada área”, informou o ministério, em nota.

    Essas águas do território nacional cedidas pela União serão utilizadas como fazendas marinhas “ambientalmente sustentáveis, economicamente escaláveis e com tecnologia para produzir peixes de alto valor”, diz o texto.

    As fazendas marinhas são os locais onde ocorre a produção de organismos aquáticos. Elas podem ser comparadas com as fazendas que conhecemos, onde são criados diversos tipos de gado. A única diferença é que elas criam animais do mar.

    Nas fazendas marinhas são criados peixes, camarões, ostras, mexilhões e outros animais marinhos consumidos pelos humanos.

    Exemplos práticos são a piscicultura (criação de peixes), a malacocultura (criação de ostras) e a carcinicultura (criação de camarões).

    Conforme explicou Altemir Gregolin, ex-ministro da Pesca e Aquicultura entre 2006 e 2010, ao CNN Brasil Business, as fazendas marinhas fazem parte da chamada “aquicultura”, que pode ser definida como a produção de organismos em água.

    “As fazendas marinhas são uma área estratégica de desenvolvimento. Isso porque o consumo de pescado a nível mundial cresce há mais de 50 anos, e a previsão é de que esse crescimento continue pelos próximos dez anos”, disse.

    “São poucos os países como o Brasil que podem atender a essa fatia do mercado. Além disso, o maior crescimento do consumo se dá em pescados produzidos em águas marinhas, e não em pescados de água doce, o que justifica desenvolver a aquicultura marinha por meio de fazendas”, explicou o ex-ministro.

    Para Altemir Gregolin, o Brasil tem condições de ser o maior produtor mundial de pescado.

    “Temos 8.500 km de costa marítima, 13% da água doce do mundo, clima favorável, espécies nobres, produção de matéria-prima para rações como soja e milha, e a tecnologia necessária. A produção na aquicultura brasileira está crescendo, mas temos que desenvolver também a aquicultura marinha”, afirmou.

    Outra vantagem de produzir em fazendas marinhas é a sustentabilidade que a opção proporciona, de acordo com Thayse Michielin, especialista em aquicultura. “Deste modo, conseguimos combater a pesca extrativista e garantir um produto de melhor qualidade”, afirmou.

    Michielin explicou que um dos principais problemas da pesca extrativista é a maneira como ela funciona, que pode acabar com espécies que estão em extinção, por exemplo.

    “Os navios de pesca jogam as redes para recolher os peixes e acabam pegando o que conseguir naquele ambiente. Se eles quiserem pescar atum e acabarem pegando outros peixes juntos, essas outras espécies dificilmente serão devolvidas ao mar e acabariam virando ração e insumos”, disse.

    Além disso, Michielin afirmou que a produção dos organismos aquáticos em fazendas marinhas possibilita um cuidado maior com os animais e com os produtos que são levados ao consumidor.

    “Os cultivos em fazendas marinhas são produzidos de forma controlada. Os produtores monitoram a quantidade de rações dadas aos animais, verificam se eles estão saudáveis ou com alguma doença, além de cuidarem da sanidade e da qualidade da água”, acrescentou.

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