Ricardo Eletro protocola maior plano de recuperação judicial do varejo
Dívida soma quase R$ 4 bilhões; rede varejista deve manter 100 lojas abertas e focar no comércio eletrônico


A rede de lojas de móveis e eletrodomésticos Ricardo Eletro, do grupo Máquina de Venda, protocolou seu plano de recuperação judicial na terça-feira (13) na 1ª Vara de Falências e Recuperações de São Paulo.
A dívida acumulada da varejista soma R$ 3,97 bilhões junto a cerca de 20 mil credores. Só as dívidas trabalhistas somam R$ 157,1 milhões, o que representa 4% do total. É a maior recuperação do setor de varejo já registrada no país, segundo apurou o CNN Brasil Business. A companhia tinha aberto o pedido de recuperação judicial no início de agosto.
Leia também:
Empresas em recuperação judicial não podem mais dever impostos; entenda
Avianca tem financiamento de US$ 2 bilhões aprovado pela Justiça dos EUA
Especializada em eletrodoméstico, móveis e eletrônicos, e voltada para os públicos das classes C e D, a Ricardo Eltro vinha enfrentando dificuldades desde a recessão de 2015 e 2016. Após ensaiar uma recuperação em 2019, foi atingida pela pandemia e pelo fechamento em série de suas lojas durante os meses de isolamento.
“Em razão dos efeitos decorrentes da crise política/econômica que assolou o país entre os anos de 2014 e 2016, o Grupo Máquina de Vendas sofreu forte queda de faturamento que, somada às despesas fixas elevadas, acabou por ser determinante para que os fornecedores comerciais constatassem aumento no risco atrelado à operação, e, consequentemente, reduzissem as linhas de crédito disponibilizadas ao Grupo Máquina de Vendas”, diz o documento.
“Infelizmente, e somado com todos estes fatores da crise que já atingia o varejo, sobreveio a pandemia causada pelo COVID-19, que culminou no fechamento todos os estabelecimentos comerciais físicos.”
“Devido à pandemia, a Máquina de Vendas teve de entrar com o pedido de recuperação judicial e, em uma medida drástica, fechou as 400 lojas e está endereçando o negócio para ser uma plataforma digital”, diz Salvatore Milanese, sócio-fundador da Pantalica Partners, assessoria financeira da empresa.
“Nesse momento, estamos dando prioridade às dívidas trabalhistas pois os trabalhadores demitidos são o principal foco de atenção da empresa. Contudo, os fornecedores estratégicos, essenciais à continuidade do negócio, também serão priorizados. A ideia é envolvê-los no processo de recuperação do negócio, de forma que recuperem os seus créditos o mais breve possível”, diz Milanese.
Apesar da aposta no e-commerce, a rede pretende manter 100 lojas físicas. “Agora iniciaremos a negociação com credores que prevê, entre outras medidas, a colocação de ativos à disposição para redução da dívida”, diz Milanese.
(Com Estadão Conteúdo)
Clique aqui para acessar a página do CNN Business no Facebook