Reoneração da folha de pagamentos pode pesar para contribuinte, diz analista
Medidas anunciadas pelo ministro Fernando Haddad miram equilíbrio das contas públicas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quinta-feira (28) que encaminhou ao Congresso uma proposta de reoneração gradual da folha de pagamento.
De acordo com Haddad, esta e outras duas medidas anunciadas visam equilibrar as contas públicas. Este ano, o déficit do governo é estimado em R$ 130 bilhões, mas em 2024 a Fazenda ainda mira a meta de déficit zero.
Para o sócio-diretor de Consultoria Trabalhista e Previdenciária da KPMG, Marcos Ricardo, a medida pode pesar do lado do contribuinte.
“Reoneração resultará em aumento de carga tributária para as empresas e, ao final, em possível repasse de custos ao consumidor”, diz Ricardo.
Sem a redução de custos do Estado, Ricardo avalia que a proposta de Haddad “representa uma transferência de todo o custo de ajuste de orçamento aos contribuintes”.
Os defensores da desoneração defendem que a medida é essencial para se manter a saúde do mercado de trabalho. Para o analista da KPMG, a reoneração pode afetar a força do setor.
“Ainda há a possibilidade de ocorrer uma redução no ritmo de criação de vagas de emprego em razão dos aumentos dos custos sobre folha de pagamentos, que estavam reduzidos há mais de uma década”, conclui.
Para algumas das associações dos 17 setores abrangidos pela desoneração a medida também é negativa nesse sentido.
“A princípio, não apoiamos o encaminhamento dado. São numerosos os postos de trabalho e investimentos que estão em jogo”, afirma a presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Vivien Mello Suruagy.
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*Sob supervisão de Fábio Castanho