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    Recuperação judicial não era caminho desejado para a Samarco, afirma BHP

    Mudança de postura dos fundos credores, que detêm cerca de R$ 25 bilhões da dívida, teria motivado a companhia a pedir proteção judicial

    Fernanda Guimarães, do Estadão Conteúdo

    Às vésperas dos seis anos da tragédia de Mariana (MG), o processo de recuperação judicial da Samarco, empresa que pertence às gigantes Vale e BHP Billiton, já é um dos mais conturbados da história do país.

    Com uma dívida de R$ 50 bilhões, o processo colocou em pé de guerra as mineradoras com um grupo bastante vocal de credores que engloba vários fundos estrangeiros, o que se reflete em uma série de ações que se acumulam na Justiça.

    A Samarco é o único investimento da australiana BHP no Brasil. O foco da empresa tem sido na reparação da tragédia, diz o vice-presidente Jurídico e de Assuntos Corporativos da mineradora no Brasil, Ivan Apsan, que chegou à companhia em 2017 para tocar esse assunto.

    Segundo Apsan, a recuperação judicial da Samarco, anunciada no começo do ano, não era o caminho desejado – a ideia era fazer o processo de forma extrajudicial.

    Porém, uma mudança de postura dos fundos credores, que detêm cerca de R$ 25 bilhões da dívida, motivou a companhia a pedir proteção judicial.

    Com base na nova lei de recuperação judicial, porém, os credores têm questionado na Justiça o processo da Samarco, com uma série de liminares acusando as mineradoras de se “blindarem” das obrigações relativas à tragédia. O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) também questiona o processo.

    A mudança da postura, segundo o executivo, pode ter sido um reflexo da mudança recente da legislação no Brasil, que passou a permitir que os credores possam apresentar um plano de recuperação alternativo caso a proposta feita inicialmente pelo devedor seja rejeitada ou se esgote o prazo para a votação.

    “O que não queremos é que a recuperação judicial da Samarco se transforme em um balão de ensaio da nova lei de recuperação judicial”, afirma Apsan, que também está no conselho de administração da Samarco.

    O vice-presidente de joint-venture não operada da BHP, Simon Duncombe, que faz visitas regulares ao Brasil, diz que a venda de sua participação de 50% na Samarco não é “prioridade ou intenção” da BHP. “A mineradora tem recursos incríveis, ainda disponível para 30, 40, 50 anos”, diz.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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