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    Queda de 2% na prévia do PIB de maio é vista como pontual e não preocupa especialistas

    Para economistas ouvidos pela CNN, o dado mais importante é comparação entre maio deste ano e o mesmo mês do ano passado, que foi de alta de 2,15%

    Iasmin Paivada CNN , São Paulo

    A retração de 2% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) de maio na comparação com abril — considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) — não preocupa os especialistas ouvidos pela CNN, pois aparenta ser pontual e não compromete as estimativas de crescimento da economia brasileira ao longo do ano.

    Paulo Feldman, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), afirma que “não se preocupa nem um pouco com o fato de não ter tido crescimento em maio na comparação com abril”.

    Isso porque “muitas coisas podem acontecer por razões estatísticas” na comparação de um mês para outro e é mais importante avaliar a base de comparação anual.

    “Variações mensais não são muito explicáveis, a comparação anual é bem melhor”. Feldman vê um aumento importante nessa relação, na qual o índice apontou para crescimento de 2,15% na atividade econômica do Brasil.

    “Vemos um aumento importante, maior do que se imaginava no final do ano passado”, avalia. 

    O IBC-BR de maio foi divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central e foi a maior queda do índice desde março de 2021.

    Em relatório, o analista do Goldman Sachs Alberto Ramos corrobora a opinião do professor da USP. Para ele, as séries dessazonalizadas de diversos indicadores de atividade real têm apresentado alta volatilidade.

    O banco avalia, ainda, que a queda acentuada na atividade em maio estava “provavelmente ligado à produção agrícola”.

    Já a perspectiva de crescimento econômico do Brasil para o Goldman Sachs é de 2,05% no ano, considerando o carry-over (ou efeito estatístico de carregamento), segundo relatório divulgado pelo banco nesta manhã, assinado pelo analista Alberto Ramos.

    O analista espera que a atividade econômica se beneficie de estímulos fiscais e parafiscais, como as transferências fiscais federais robustas para famílias de baixa renda com alta propensão a consumir –  expansão da massa salarial real e queda da inflação (principalmente preços dos alimentos) no futuro.

    No entanto, o banco espera que o ciclo de crédito gere “ventos contrários” à atividade econômica do país após o primeiro trimestre deste ano.

    Marco A. Caruso e Igor Cadilhac, analistas do PicPay, também mencionam o arrefecimento da agropecuária, em especial devido ao efeito sazonal do fim da forte safra de soja, como um dos fatores para o resultado de maio.

    Além disso, os especialistas pontuam uma devolução do resultado positivo da divulgação passada e os resultados de vendas do varejo como outros elementos motivadores do resultado.

    Na sexta-feira (14), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou que as vendas do varejo brasileiro caíram 1% em maio na comparação com abril de 2023.

    O PicPay enxerga dois movimentos futuros para o PIB: um crescimento de mais 0,3% no segundo trimestre, mas uma desaceleração gradual no segundo semestre, fechando o ano com crescimento de 1,9%.

    André Cordeiro, economista-sênior do Inter, explica que o “dado mensal do IBC-Br é bastante volátil e passível de muita revisão”. Olhando por outras métricas, o especialista avalia que a economia brasileira aparenta iniciar um processo de desaceleração, mas ainda em patamar robusto.

    “Porém, tendência é de desaceleração devido ao impacto acumulado da política monetária restritiva e do desempenho da agricultura que deverá ser abaixo do ritmo observado no primeiro trimestre”, pontua.

    Boletim Focus

    Além do IBC-BR, o Banco Central divulgou nesta segunda o Boletim Focus desta semana. Nele, os economistas ouvidos pela autoridade monetária revisaram para cima suas projeções para o crescimento do PIB de 2023.

    A mediana das projeções para passaram de 2,19% para 2,24% em 2023; de 1,28% para 1,30% em 2024; de 1,80% para 1,88% em 2025; e de 1,88% para 1,90% em 2026.

    No primeiro trimestre deste ano, o PIB brasileiro cresceu 1,9% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e somou R$ 2,6 trilhões. Na comparação com o mesmo período de 2022 a alta foi de 4%.

    O Valor Adicionado a preços básicos apresentou elevação de 4,1% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios avançaram em 3,0%.

    Em meio ao resultado do primeiro trimestre, o Bradesco revisou sua projeção para o fechamento do ano de 1,5% para 1,8%.

    “Se o Brasil não crescer mais nada nos próximos trimestres, o PIB cresce 2% só por conta do impulso desse primeiro trimestre”, diz Vitor Costa Velho, economista para macroeconomia da equipe de análise do Bradesco.

    Isso acontece, explica ele, só por conta do efeito estatístico que um crescimento forte nos primeiros meses deixa de “herança” para o restante do ano.

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