Quase metade das indústrias tem planejamento de ecoinovação, mostra pesquisa CNI
Levantamento revelou ainda que maior desafio para a estruturação da ecoinovação na indústria é a falta de trabalhadores qualificados para atuar com o tema
Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que quase metade das indústrias – 47% – possuem planos para ações de econoinovação. De acordo com o levantamento, divulgado neste domingo (24), 30% das indústrias pesquisadas estão com o plano em execução e outras 17% estão com projetos aprovados para serem anunciados.
Os dados da pesquisa Sondagem Especial: Ecoinovação e Transformação Digital revelam ainda que 28% das empresas estão realizando estudos iniciais sobre o tema e outros 19% não realizam nenhuma ação de ecoinovação no momento.
Ecoinovação é definida pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) como inovação que resulta na redução do impacto ambiental. Segundo a CNI, esta é uma tendência mundial que está promovendo mudanças nos modelos de negócios das empresas, e que se tornou fundamental para a construção de novos parâmetros de sustentabilidade e competitividade para o setor industrial, no Brasil e no mundo.
As ecoinovações, explica a CNI, podem ser tanto tecnológicas, por meio de novos produtos ou processos produtivos, quanto inovações não-tecnológicas, com métodos de
marketing, inovações organizacionais ou institucionais.
“Essa é uma tendência sem volta e essencial para a sobrevivência e competitividade das empresas em todo o mundo, à medida em que avançam as políticas de redução das emissões de gases de efeito estufa, do consumo de água e da geração de resíduos”, afirma a CNI em nota.
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, aponta que, apesar de um quadro positivo, a velocidade de adoção da ecoinovação poderia ser maior no país. “Há sinais de que o processo está se ampliando. O desafio agora é apoiar pequenas empresas a embarcar nessa jornada, uma tendência que inevitavelmente deverá fazer parte dos planos estratégicos da indústria brasileira”, destaca em comunicado da Confederação.
Qualificação
A pesquisa revelou ainda que o maior desafio para a estruturação da ecoinovação na indústria é a falta de trabalhadores qualificados para atuar com o tema, e que para mais de um terço das indústrias (33%), a principal barreira na qualificação de profissionais é orçamentária.
Em seguida, aparecem a necessidade de investir em outras áreas estratégicas (29%), estrutura/cultura da empresa (18%), limitação de tempo disponível para treinamento (20%) e baixo engajamento dos funcionários (12%).
Segundo o levantamento, a grande maioria (66%) aponta dificuldades pela falta conhecimento aos trabalhadores em técnicas sustentáveis e, para 45%, pela falta de conhecimento de legislação ambiental. Outros 38% consideram que falta aos profissionais competência para gerir e desenvolver projetos de ecoinovação.
Com isso, 36% das indústrias apontam dificuldade no momento de recrutamento de profissionais para a área de ecoinovação, e 36% têm problemas para para achar profissionais atualizados em tecnologias ambientais.
Para suprir essa lacuna, a estratégia de 76% das entrevistas é investir no treinamento de funcionários e 24% na terceirização de projetos.
“É fundamental que haja políticas públicas e iniciativas privadas que alinhem incentivos à meta de ecoinovar, com especial cuidado com as pequenas empresas. Isso não apenas contribuirá para a sustentabilidade ambiental, como também para o aumento da competitividade dos produtos e serviços brasileiros nos mercados globais”, afirma Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI.
Metodologia
A CNI entrevistou 2.236 gestores de empresas industriais entre os dias 1 e 10 de janeiro de 2023.