Quais produtos agrícolas devem ganhar com acordo Mercosul-UE, segundo CNA
Em entrevista ao CNN Money, diretora reforça que redução de tarifas - algumas a zero - amplia mercados para agro brasileiro
O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE), anunciado nesta sexta-feira (6), representa um marco histórico para as relações econômicas entre os dois blocos.
Sueme Mori Andrade, diretora de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), compartilhou sua visão sobre os principais ganhos e desafios que o acordo traz para o setor agropecuário brasileiro.
Sobre os principais benefícios, ela destaca:
- Redução a zero da maioria das tarifas para frutas;
- Eliminação da tarifa de 9% para o café solúvel;
- Cota adicional para carne, com tarifa reduzida de 7,5% (atualmente é de 43% extra-cota);
- Abertura de uma cota significativa para o setor de aves com tarifa zero.
“Tudo que você reduz tarifa, você melhora o acesso. Então mesmo que seja dentro de cotas, poderia ser melhor? Tudo poderia ser melhor. Mas fato é que para ser chamado de acordo de livre comércio, ele tem que ser um acordo abrangente”, apontou a diretora da CNA.
Desse modo, Andrade destaca o potencial de crescimento para estes setores. No entanto, ela ressaltou a importância de considerar as negociações fitossanitárias, especialmente para produtos de origem animal.
Desafios e preocupações
Apesar dos avanços, a CNA mantém-se atenta a possíveis complicadores. Uma das principais preocupações está relacionada às medidas unilaterais da UE, como o Green Deal e a legislação contra o desmatamento, que podem impactar o acesso efetivo ao mercado europeu.
“O que a CNA pediu ao longo desses últimos anos? Pediu um mecanismo de reequilíbrio de concessões, que fosse ativado caso isso acontecesse. E esse mecanismo foi incluído no texto final”, afirmou Andrade, considerando isso uma vitória para o setor.
Perspectivas futuras
A diretora também enfatizou a alta qualidade e os elevados padrões da produção agropecuária brasileira, que já permitem ao país exportar para diversos mercados globais, mesmo sem preferências tarifárias.
Com a assinatura do acordo, espera-se que o setor agropecuário brasileiro possa ampliar sua presença no mercado europeu, aproveitando as novas oportunidades de acesso e consolidando sua posição como um dos principais fornecedores mundiais de alimentos.