“Publis” são principal fonte de receita para 60% dos influencers de favela, aponta pesquisa
Além dos conteúdos pagos, eventos e vendas ajudam influenciadores a complementar renda
Conteúdos produzidos em parceria com marcas são a principal fonte de receita de 6 em cada 10 influencers de favela, indica a pesquisa “Creators de Favela”, publicada nessa sexta-feira (1º) e idealizada pela Digital Favela em parceria com Data Favela e YOUPIX.
Além das chamadas “publis”, – abreviação de publicidade, é uma estratégia de marketing em que os influenciadores produzem conteúdos pagos divulgando produtos ou serviços – eventos online e presencial complementam a renda de 30% do grupo.
Esses influenciadores também complementam sua renda por meio da venda de serviços (que representa 28% dos entrevistados) e produtos físicos (19%).
“Os conteúdos em parceria me ajudaram e ajudam muito”, enfatiza a influenciadora digital Joana Iza, que começou a produzir conteúdo em 2015, quando morava em um barraco e usava equipamentos improvisados e de segunda mão.
Pedagoga de formação, Joana conta que à época ela ainda dava aulas para complementar a renda, já que no começo o trabalho como influencer não pagava as contas.
“Em 2019 fechei meu primeiro contrato publicitário com uma marca grande. Um ano depois eu já estava trabalhando somente com internet, [então] dei uma pausa das salas de aula”, conta.
O co-CEO da Digital Favela, Guilherme Pierri, destaca que pesquisas como essas são importantes para aumentar a visibilidade do impacto desses influenciadores.
“Até pouco tempo, encontravam-se longe do olhar das marcas. Desta forma, contribuímos ainda mais em mostrar ao mercado de maneira mais individualizada o poder do creator de favela, longe de estereótipos, derrubando mitos e trazendo suas potências”, pontua.
Joana vê os dados como uma maneira de reafirmar para o mercado a importância do trabalho do influenciador e o seu impacto, além de mostrar como o planejamento é importante para que o criador de conteúdo consiga fazer seu produto render.
“A pesquisa reforça pra gente como profissional a importância de pensarmos nossa criação de conteúdo como negócio e levar esse negócio para rendimentos além de somente ‘publis'”, conclui.
Segundo um estudo da empresa de pesquisas e marketing PQ Media, os investimentos em marketing de influência aumentaram 21,5% no mundo em 2022, atingindo US$ 29 bilhões (R$ 142,16 bilhões).
Para 2023, espera-se um crescimento de 17% no investimento, chegando a US$ 34 bilhões (R$ 166,66 bilhões).
Apesar desse potencial, Joana conta que as publis passaram a pagar as suas contas depois de muito trabalho.
Contato com o público
Muitas vezes influencers com um menor número de seguidores possuem um maior impacto entre aqueles que consomem seu conteúdo, por estarem mais próximos de um nicho. Com a identificação, vem o engajamento. A pesquisa indica que 7 em cada 10 influenciadores das favelas tem como principal motivação inspirar outras pessoas.
“Depois do Boom digital em decorrência da pandemia, as marcas passaram a entender o poder de Creators pra além das celebridades. Nós (influenciadores de nicho) nos tornamos mais e consequentemente passamos a nos comunicar mais”, conta Joana Iza.
Entre os principais nichos de atuação dos creators de favela estão moda, beleza e estilo, que representam 44%; seguido por arte, cultura e música, com 39%; e estilo de vida e variedades, com 37%.
Perfil
Os dados também apontam que a maioria dos influenciadores de favela são negros e mulheres.
Além disso, a pesquisa indica que 30% dos criadores de conteúdo não se consideram heterossexuais.
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*Sob supervisão de