PT defende perfil parecido com “André Lara Resende” para diretoria do BC
Ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ele é um dos que têm opinado nos bastidores sobre a política econômica do governo e também criticado a política de juros do Banco Central
Integrantes do PT disseram à CNN defender que o indicado para a diretoria de política monetária do Banco Central (BC) seja um perfil semelhante ao do economista André Lara Resende. Ou até mesmo o próprio.
Lara Resende foi um dos formuladores do Plano Real e depois ocupou postos estratégicos no governo Fernando Henrique Cardoso, como assessor especial e presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Nos últimos anos, porém, deu uma guinada no pensamento econômico e se aproximou da esquerda.
Nesta semana, por exemplo, assinou um artigo no jornal Valor Econômico no qual endossou as críticas de Lula a política monetária do Banco Central presidido por Roberto Campos Neto. Afastou, por exemplo, o risco fiscal no país.
Petistas disseram à CNN defender seu nome como possível indicado para uma das principais diretorias do Banco Central, a de política monetária. O mandato do atual ocupante acaba no dia 28 deste mês. Cabe ao governo indicar um nome e ao Senado aprová-lo.
Sua missão seria liderar internamente no banco um contraponto à política monetária de Campos Neto. Lara, por ora, comandará uma comissão de estudos estratégicos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, presidida por Aloizio Mercadante.
Ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ele é um dos que têm opinado nos bastidores sobre a política econômica do governo e também criticado a política de juros do BC. Lara Resende é também um nome muito próximo ao ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, e ao secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo.
Seria, portanto, um nome de consenso entre os grupos internos do governo que discutem a política econômica, além, claro, de agradar ao presidente também. O economista chegou a ser convidado por Lula para ser Ministro do Planejamento, mas declinou.
Há dúvidas no PT se ele aceitaria uma diretoria no BC. No Senado, lideranças com quem a CNN conversou nesta quarta-feira (8) disseram que dificilmente a casa rejeitaria um nome apresentado pelo governo para as diretorias do BC. Isso só ocorreria se o nomeado não tivesse currículo pra ocupar o cargo.
O movimento em curso na casa é levar Campos Neto após o carnaval para prestar esclarecimentos. A ideia é que ele fale na Comissão de Assuntos Econômicos, a CAE, colegiado que sabatina e aprova os indicados para o BC. O senador Vanderlan Cardoso, do PSD de Goiás, deve presidir a comissão.
Questionado, Lara Resende disse à CNN que não foi consultado sobre uma eventual indicação.
