Produção industrial cai 0,6% em outubro, diz IBGE, e fica abaixo da expectativa
O número ficou aquém das expectativas do mercado, que apontavam para alta de 0,6% no período; trata-se do quinto resultado negativo consecutivo, com perda acumulada de 3,7% nesse intervalo
A produção industrial registrou queda de 0,6% em outubro ante setembro, informou o IBGE nesta sexta-feira (3). O número ficou aquém das expectativas do mercado, que apontavam para alta de 0,6% no período.
Trata-se do quinto resultado negativo consecutivo, o que leva a 3,7% a perda acumulada do setor nesse intervalo. O setor está 4,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
Apesar do resultado negativo, no ano, a indústria acumula altas de 5,7% e também de 5,7, em doze meses.
O maior destaque negativo da pesquisa foi o setor de bens duráveis, que caiu quase 28% sobre outubro do ano passado. Vale dize que, na comparação anual, esse setor já havia caído 23% em setembro, 17% em agosto e quase 10 e julho. O que mais pesou nesse cenário foi a fabricação de carros, com queda de 32,5% em relação a outubro de 2020. (Veja mais sobre os destaques na comparação anual mais abaixo).
“Mais do que o resultado do mês, chama atenção a sequência de resultados negativos. A cada mês que a produção industrial vai recuando, se afasta mais do período pré-pandemia”, analisa André Macedo, gerente da pesquisa, em nota.
O especialista ressalta ainda que o resultado de outubro mantém característica que vem sendo observada ao longo do ano: “predominância de taxas negativas e diretamente afetada pelos efeitos da pandemia da Covid-19”.
“Os efeitos da pandemia sobre o processo produtivo ficam muito evidentes em função da desarticulação da cadeia produtiva, o que leva ao encarecimento dos custos de produção e ao desabastecimento de matérias primas e insumos produtivos para a fabricação de bens finais”, diz.
Os bens de consumo duráveis também foram destaque entre as quedas mensais – de setembro para outubro. Por essa comparação, o setor recuou 1,9%, na décima seguida, acumulando perdas de 28,3% nesse período.
Três das quatro grandes categorias econômicas monitoradas pela pesquisa tiveram queda na comparação mensal.
/ IBGEO IBGE também destaca entre os resultados negativos na comparação mensal os segmentos de bens de consumo semi e não-duráveis (-1,2%) e de bens intermediários (-0,9%).
Do lado das altas, fica apenas o setor de bens de capital (2%), que recuperou parte da perda de 2,3% acumulada nos meses de agosto e setembro, diz o instituto.
Nos ramos considerados dentro das categorias, a queda atingiu 19 dos 26.
Entre as influências negativas mais importantes, o IBGE destaca indústrias extrativas (-8,6%) e produtos alimentícios (-4,2%), com a primeira voltando a recuar após avançar 2,2% no mês anterior, quando interrompeu três resultados negativos consecutivos e que acumularam perda de 2,5%; e a segunda intensificando a redução de 3,2% em setembro.
Queda de 7,8% ante outubro de 2020
Em relação a outubro de 2020, a indústria recuou 7,8% no mês, quarta queda seguida. Na comparação anual, as quedas de setembro foram de 4% e as de agosto, 0,6%.
Na comparação anual, um dos grandes destaques negativos foi o setor de bens de consumo duráveis, com queda de 27,8% ante outubro de 2020. Esse segmento acumula queda há quatro meses seguidos. No mês anterior, o recuo havia sido maior, na comparação anual, de 23,2%. Já em agosto e julho, as perdas foram de 17,9% e 9,7%, respectivamente.
Em outubro, o setor foi pressionado pela redução na fabricação de automóveis (-32,5%) e de eletrodomésticos da “linha marrom” (-38,5%) e da “linha branca” (-31,7%), destaca o IBGE.
“Vale citar também os recuos registrados pelos grupamentos de outros eletrodomésticos (-13,1%) e de móveis (-22,8%). Por outro lado, o principal impacto positivo veio da maior produção de motocicletas (18,4%)”, diz em nota.