Problema não é o teto, mas o aumento dos gastos obrigatórios, diz Marcos Lisboa
Presidente do Insper diz que, mesmo quando o governo conseguiu diminuir a velocidade de aumento de gastos, aprovou reajustes salariais irresponsáveis
A semana está sendo marcado por discussões sobre os programas Renda Brasil e Pró-Brasil, além do teto de gastos. Apesar do intenso debate econômico, o economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa, diz que o governo deveria focar em outros pontos.
“O problema não é a tampa da panela, mas sim o crescimento dos gastos obrigatórios, que cresce em média no Brasil 6% ao ano desde 1991. Nossa carga tributária aumentou 9 pontos do PIB em 25 anos. Nossos indicadores de ensino médio estão parados há 20 anos. Temos um estado crescentemente caro, mas que não beneficia a população como o esperado.”
Ele diz que, mesmo quando o governo conseguiu diminuir a velocidade de aumento de gastos com a reforma da Previdência, aprovou reajustes salariais irresponsáveis.
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“O Brasil chegou a enfrentar gastos obrigatórios com a reforma da previdência, que reduziu o crescimento do gasto com previdência, porém isso aconteceu ao mesmo tempo que foram concedidos diversos reajustes salariais com o aval do governo federal e dos governos estaduais. A culpa é generalizada.”
Programas sociais
Lisboa ressaltou a discussão sobre a criação de um programa de renda universal no Brasil e disse que o momento é oportuno para debater o enfoque e a abrangência destes programas, mas que no momento a discussão sobre o assunto se assemelha a uma “colcha de retalhos”.
“O Brasil tem quantidade imensa de programas sociais, grande parte mal focalizado que não atingem a população alvo. Isso não ocorre apenas para programas sociais, veja a educação por exemplo. Aumentamos os gastos, mas nossos indicadores de aprendizado não melhoram, essa é a frustração,” disse o economista
“Agenda dos programas sociais está perdida, não tem foco, não tem clareza do que fazer, parece uma colcha de retalhos de medidas que vão se somando sem analisar a consistência.”