Prévia do PIB tem queda superior ao esperado, destacam especialistas
O IBC-Br teve recuo de 1,13% em agosto; economistas dizem que apesar do encolhimento, o histórico recente reforça perspectivas menos pessimistas para a atividade econômica brasileira
O IBC-Br, também conhecido como “prévia do PIB”, registrou uma retração em agosto mais forte que o esperado pelo mercado, de 1,13%. Economistas disseram ao CNN Brasil Business que, apesar da queda, o dado revisou um pouco para cima o histórico e reforça as perspectivas menos pessimistas para a atividade econômica brasileira.
“O IBC-Br quebrou uma sequência de variações positivas, e o mercado já imaginava um cenário de retração, mas veio um pouco além do esperado. Portanto, repercute esse viés negativo, mas ainda está o crescimento dentro do esperado, principalmente ao pegar o acumulado nos últimos 12 meses e o que era esperado no começo do ano”, afirmou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
Segundo o economista, um dos fatores que explica o encolhimento da proxy do PIB é o efeito dos juros altos, que começam a ser sentidos mais de um ano depois que o Banco Central iniciou seu ciclo de aperto monetário para tentar conter a inflação.
“Apesar deste dado negativo, o mercado já estava precificando isso. A alta de juros começou a fazer efeito, trazendo uma ligeira retração na economia, mas não há motivos para se preocupar neste momento. Caso nos próximos meses os indicadores vierem com retrações nesse mesmo sentido, aí sim pode ser preocupante”, acrescentou.
Rodolfo Margato, economista da XP, disse que os números do IBC-Br sustentam a visão de que a atividade doméstica segue em trajetória ascendente, embora de forma mais moderada em relação ao primeiro semestre de 2022.
O IBC-Br cresceu 4,86% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, o índice acumula alta de 2,76% e, em 12 meses, de 2,08%. Laura Moraes, economista da Neo Investimentos, disse que essa alta mostra sinais de atividade econômica ainda forte, puxada sobretudo pelo setor de serviços que surpreendeu bastante na sexta-feira (14).
O Goldman Sachs destacou que espera que alguns dos setores de serviços ainda impactados pela Covid-19 (em particular serviços para famílias) recuperem-se ainda mais nos próximos meses, apoiados por estímulos fiscais significativos renovados, mercado de trabalho firme e inflação em recuo.
“A sólida expansão dos setores de serviços intensivos em mão de obra contribuiu para um aumento mais rápido do que o esperado do emprego e para o aperto do mercado de trabalho”, argumentou o banco.
“No entanto, os retornos marginais decrescentes da dinâmica de reabertura econômica, condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, altos níveis de endividamento das famílias e a incipiente reviravolta no ciclo de crédito devem gerar ventos contrários à atividade de serviços no final de 2022 e primeiro semestre de 2023”, ressaltou, em comunicado.