Presidente do TCU defende olhar firme do BC sobre regras fiscais
"Se deteriorarmos as regras fiscais, o efeito imediato será o Banco Central subir o juro", afirmou Dantas em evento promovido pelo Esfera Brasil
O presidente em exercício do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, afirmou neste sábado (26), durante o Fórum Esfera Brasil, no Guarujá (SP), que o Banco Central precisa ter um “olhar firme” para a questão fiscal do Brasil.
“O Banco Central terá olhar firme para o que está acontecendo. Se deteriorarmos de alguma maneira, ainda que de maneira não intencional, as regras fiscais, o efeito imediato será o Banco Central subir o juro”, afirmou Dantas em evento promovido pelo Esfera Brasil.
Participam também do painel o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.
No painel, Bruno Dantas criticou a alta relação da dívida pública com o Produto Interno Bruto e destacou a dificuldade em fazer o orçamento público caber no PIB.
“Não adianta nós sonharmos se não estivermos produzindo riqueza o suficiente para bancar esses gastos”, destacou.
“A agenda de responsabilidade fiscal é crucial, talvez eficiência de gasto seja mais importante”, acrescentou.
Responsabilidade fiscal e social
Bruno Dantas endossou a tese de que não existe dicotomia entre responsabilidade fiscal e social.
No mesmo evento, o vice-presidente da República eleito, Geraldo Alckmin (PSB), defendeu a responsabilidade fiscal e afirmou que manter o respeito às contas públicas não é “incompatível com avanços sociais”. “Quem apostar em irresponsabilidade fiscal vai errar”, disse Alckmin.
O debate sobre o tema tomou corpo após o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), questionar o controle do gasto com o bem-estar da população para proteger as contas públicas.
Líderes do governo de transição saíram em defesa do petista e afirmam que ele nunca, em oito anos no comando do país, fez uma oposição entre responsabilidade fiscal e social, mas aliou as duas coisas.
“A responsabilidade fiscal é a estrutura sobre a qual vamos erguer o edifício. Não podemos construir um prédio sem alicerce, não podemos falar de gasto público se não tivermos contas equilibradas”, declarou Dantas no evento.
De acordo com Dantas, no TCU, há duas grandes preocupações essenciais: a responsabilidade com as regras fiscais e a eficiência com o gasto público.
Ao citar a viabilidade de se retirar o Bolsa Família do teto de gastos, como pretende o governo eleito, o ministro fez uma provocação: “Há uma pergunta que precisa ser feita para essa audiência de empresários, de pessoas: saber se o orçamento cabe no PIB. Nós precisamos para falar de distribuição de riquezas, precisamos falar de geração de riqueza”, declarou.
Com dificuldades de emplacar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que pretende retirar o Bolsa Família do teto de gastos e abrir espaço fiscal para outros projetos sociais, o governo eleito estuda adotar outro caminho: nos primeiros dias de governo, editar Medida Provisória com abertura de crédito extraordinário.
Unir o Brasil
Também na roda de conversa, o empresário Abilio Diniz afirmou que o principal desafio para o governo neste momento é unir o país e mostrar que governa para todos.
“Temos que fazer o país crescer, gerar emprego com crescimento, gerar renda e inclusão”, disse o empresário, para quem é preciso combater a fome e suprir as deficiências na máquina pública para reduzir, também, o desperdício de alimentos.
“Não adianta querer gerar emprego aumentando a máquina estatal”, defendeu Abílio Diniz, que destacou as reservas internacionais e do Tesouro ao comentar o alto patamar da relação dívida/PIB.
*Com informações do Estadão Conteúdo