Preços dos alimentos vão subir mesmo que a guerra acabe hoje, diz professor
À CNN Rádio, Antônio Márcio Buainain afirmou que Guerra na Ucrânia causou “choque muito grande”
O professor do Instituto de Economia e pesquisador do Núcleo de Economia Aplicada, Agrícola e do Meio Ambiente da Unicamp, Antônio Márcio Buainain acredita que os preços dos alimentos e de energia vão continuar subindo por tempo indeterminado.
Em entrevista à CNN Rádio, ele explicou que “mesmo que a guerra na Ucrânia acabe hoje”, os preços seguirão com sucessivas altas: “Em um mundo de tanta imprevisibilidade, essa é uma das poucas certezas: preços vão continuar subindo a despeito do desfecho da guerra.”
De acordo com o especialista, isso acontece porque o choque do conflito foi muito grande: “A Ucrânia não plantará safra, Rússia também é um país que é grande produtor. O impacto nos combustíveis se reflete nos custos de produção de alimentos, é uma certeza.”
Na avaliação de Buainain, “é preciso que leve em conta que a alta de preços de alimentos e energia faz muitas vítimas”: “Tem impacto tão perverso quanto os impactos diretos da guerra, não temos tanta consciência disso, principalmente setores com orçamento mais flexível, que reclamam do supermercado, mas podem pagar, o que não é o caso da maior parte das famílias brasileiras.”
O professor lembra que a dependência do trigo ucraniano “não foi uma descoberta”, já que isso era sabido há décadas.
“Em parte, o agronegócio é muito competitivo porque se abriu para o mundo, importando insumos e tecnologias mais baratos e vendendo para o mundo inteiro, esta é a chave do sucesso do agro brasileiro, o que não aconteceu com a indústria, que perdeu competitividade, o que gera dependência de alguns insumos estratégicos importantes”, explicou.
O professor lembrou que, no curto prazo, “as alternativas são limitadas”: “Temos que buscar novas fontes, fertilizantes e energia será mais cara, médio e longo temos alternativas, temos que acelerar para transição de agricultura ainda mais verde, reduzir dependência de insumos químicos, já existe essa pendência.”